Um ceu cheio de estrelas

Capitulo 15

Cinco anos, quatro meses e quinze dias se passaram, esse foi o tempo que eu me estabeleci no Brasil, sem acesso a telefone ou internet, apenas me foi permitido concluir a escola, ler os livros antigos que a biblioteca de lá tinham para me entreter e jogar tênis. Depois que chegamos, acho que uns três meses depois andando pela vila encontrei um pequeno clube de tênis para jovens, não era nada comparado com a minha escola na itália, os alunos conseguiam ser bem mais inferiores, mas eu não podia reclamar, pelo menos não estava parado, continuei a fazer aquilo que eu gostava, dentro daquele lugar completamente diferente da minha rotina consegui me encaixar e aprender a gostar das pessoas que moravam ali.

Quando dois anos se passaram me dei conta que a carreira de jogador profissional já estava longe, eu não poderia ter mais os contatos, não encontraria um olheiro a tempo, o sonho de jogar em um olimpiada estava distante, impossível na verdade, eu estava naquela vila me escondendo, na verdade me preparando para assumir os negócios da minha família, seguir aquilo que evitei desde o começo, mas como Matheo dizia, eu não tinha escolha, para proteger quem eu amava, eu precisava assumir o lugar do meu pai. Depois de entender que jogar tênis profissionalmente não era mais a minha área, decidi sonhar com algo que eu podia alcançar, depois que terminei a escola, estudei muito para entrar em uma faculdade, acabei tirando uma pontuação tão boa que pude escolher uma faculdade bem próxima da vila e afastada de qualquer pessoa que pudesse me reconhecer, me formei em educação física, hoje depois de insistir muito e conquistar o coração dos meus alunos, me tornei o professor efetivo do pequeno clube de tênis, eu dava aula para as crianças, ajudando na categoria de base do pequeno time de Vila Bella.

- Bom dia professora Caleb!

Todas as manhãs enquanto fazia minha corrida matinal pelo parque de Villa Bella eu encontrava alguns pais dos meus alunos que quando podia me elogiavam para outras pessoas que passeavam com eles, mesmo eu sendo filho de um Jhonson, consegui conquistar meu lugar dentro daquele lugar, sem contar que todos eram muito hospitaleiros com a minha família.

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Depois de cinco anos eu poderia dizer que ali era o meu lugar, mas não foi dessa forma no começo. No começo eu senti muito medo, fiquei por um mês trancado dentro do quarto apenas olhando para o teto, Matheo ia lá todos os dias para me dar comida e água, nesse tempo rejeitei tudo. Eu não queria estar ali, não queria mais aquela vida, a descoberta sobre a minha família ainda era um choque para mim, talvez se meu pai tivesse me criado como Matheo eu aceitaria aquela merda toda, talvez eu não precisasse fugir para o Brasil, eu enfrentaria aquela merda toda sozinho ou junto com ele, mas agora eu era um ser indefeso que não podia nem proteger a própria mãe.

Depois daquela semana de cama, Matheo perdeu a paciência comigo, me puxou pelo colarinho e me levou para o lado de fora, me pediu a atenção nos detalhes da Vila, pediu para que eu olhasse em um ponto específico, um pequeno parque com duas crianças brincando nele, elas estavam rindo, se divertindo, vivendo.

- Você está aqui pela famiglia! - Tentei desviar, mas segurou meu queixo e fez com que eu voltasse a encará-las. - Está aqui por sua mãe... - Tento sair de seu aperto, mas ele insiste que eu continue olhando. - Está aqui por suas sobrinhas, veja como elas tem vontade de viver, a vontade de viver que te falta, Caleb.

Depois que ele me mostrou as pequenas algo dentro de mim mudou, a força de vontade voltou a aparecer, não era só eu que estava envolvido, mas todos da minha família, inclusive as meninas, eu precisava ser mais forte, eu precisava ser o porto seguro delas, da minha mãe, de quem confiava no novo dos Jhonsons, eu precisava ser quem eles desejavam que eu fosse, precisava ser o Capo deles e era isso que eu faria.