Capitulo 17

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Era ele, estava bem na minha frente, era realmente Will e ao mesmo tempo não era, a visão que eu tinha dele no passado comparada com a de agora, me assustava, me assustava pelo fato de suas roupas estarem tão largas, ele estava de preto, uma calça surrada com diversos rasgos espalhados por sua perna, cheias de manchas, não eram manchas propositais, era manchas de sujeito, uma camiseta desgrenhada com a gola laceada, a camiseta também tinha muitos furos, eram buracos de uso, a blusa de frio que ele usava também estava muito sujo, seus cabelos negros estava maiores que os meus, ensebados e pelo cheiro ele não estava seguindo com sua higiene pessoal, ele parecia abandonado, doente, precisava de ajuda, minha reação era de choque, eu não esperava encontra-la, pelo menos não ali, não naquela situação. Senti lá no fundo do peito a agonia pulsar e a culpa dar leves pontadas no meu incosciente. Olho para os corredores, tento encontrar alguma alma dentro daquele mercado, mas eramos apenas ele eu, eu estava longe da porta de vidro, longe do alcance de Matheo, engulo algumas vezes a seco, algo apita dentro de mim, mas tento ignorar por um momento, eu precisava dizer algo, eu precisava conversar com ele, logo a curiosidade brota dentro de mim.

-Will... Eu... - Minha voz sai um pouco mais forte, mas ainda com uma pitada de receio. Ele me olha e ali tenho certeza, não poderia nunca me esquecer daqueles olhos castanhos claros, se bem que agora estavam mais escuros.

Olhando para seu rosto noto que sua pele em volta do rosto esta mais fina, antes ele tinha um porte mais atletico, agora estava magro, parecia fraco, sera que estava comendo? As roupas largas também indicavam um emagrecimento nada saudavel, ele parecia completamente vulneravel no meio daquele mercado, um alvo facil para qualquer um.


-É você mesmo? - Ele finalmente diz e me estende mão, não penso duas vezes e a pego para ajuda-lo a levantar, ficamos frente a frente, ele parecia menor, frágil, seus olhos fundos agora brilhavam para mim, os lábios secos deixaram um sorriso fraco escapar.

-Acho que sim. - Falo juntando minhas sobrancelha.

Aquilo ainda parecia um sonho, uma miragem, talvez eu estivesse ficando louco ou estivesse preso dentro de um pesadelo. Fico com a segunda opção, nunca, nem em um milhão de anos eu sonharia em encontra-lo daquele jeito, tento me afastas, mas suas mãos seguram meu braço. Aquele movimento brusco o leite que estava na outra mão de Will cai no chão, olho para baixo e depois para ele, sem hesitar me abaixo para pegar a caixa, quando fiz o movimento, percebi que tinha algo errado, ouço passos rapidos atrás de mim eu sabia que era Matheo e algo não estava certo naquela cena.


- Caleb cuidado! - Ouço Matheo gritar e sacar a arma, prendo minha respiração.

Penso em como afastar Matheo de lá, tento pensar rapido para que ele veja que quem estava era Will, não era um inimigo, mas os sinais que eu estava recebendo desde o começo me provaram o contrario, além do barulho da arma de Matheo eu ouvi outra arma ser engatilhada proximo de mim. Olhei para cima e o cano gelado da arma encostou na minha testa e a pessoa que eu menos esperava tentar me matar, me fitava com um olhar perturbado e um sorriso de satisfação, aquilo conseguiu me quebrar em mil pedaços, ver Will de pé com o dedo no gatilho sem ao menos tremer ou sequer piscar. Agora tudo fez sentido, toda aquela armação, as roupas, a aparencia frágil, ele precisava parecer vulneravel para que eu confiasse nele, solto um longo suspiro, mas em nenhum momento tiro meus olhos dele, eu precisava ver, terminar de sentir tudo aquilo


Caleb! - Matheo grita, quebrando todo o nosso contato visual.

Aproveito que Will tira os olhos de mim para encarar Matheo, ele hesita por um momento e é ali que consigo tirar a arma de sua mão, seguro seu braço, giro por seu corpo levando o braço comigo de mode que ele fica imobilizado e bate bruscramente seus joelhos no chão, aponto a arma para sua cabeça, ele levanta o braço livre, agora tinhamos invertido o papel, quem estava com a arma era eu e ele no chão. Tateio seu corpo a procura de uma nova arma de fogo, mas aparentemente ele só estava com uma, a arma que ele tinha certeza que me mataria, engano dele. Solto seu braço e me afasto, Matheo chega perto de mim, me analisa a procura de algum ferimento, mas eu sinalizo que esta tudo bem, volto a olhar o homem jogado no chão com a cabela abaixada, ele levanta os braços em rendição e começa a gargalhar, de repente olha para cima e começa a nos encarar enquanto ri, de da minha cara surpresa, ri da cara de Matheo que não expressava nada.

Um ceu cheio de estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora