Acordei na manhã seguinte ouvindo batidas na porta, Will tocou meu ombro, levantei a cabeça e olhei para a porta, ele se levantou devagar e colocou o shorts do seu pijama, eu me sentei na cama, apoiei meus cotovelos nos joelhos e comecei a olhar pela janela, ainda estava chovendo, o céu completamente fechado. Ouvi o barulho da porta se abrindo e a mãe de Will o entregando um terno preto e sapatos sociais, eles ficaram conversando por alguns minutos, mas estava tão inerte a tudo em volta que não consegui ouvir o que saia da boca deles, após isso Will fechou a porta e veio se sentar ao meu lado, colocou seu braço em minha cintura e me puxou para perto dele fazendo com que a distância entre nós diminuísse, quando conseguiu me trazer para mais perto, puxou minha cabeça para que eu a deitasse em seu ombro.
- Bom dia, sua mãe deixou algumas roupas aqui para o enterro, vai começar as onze. - Ele limpou a garganta e me apartou um pouco mais contra si. - Sua mãe deixou um motorista a sua disposição.
Eu não queria falar, a voz de Will soava mais como um suspiro de pena do que algum assunto sério que poderíamos tratar naquele momento, eu me levantei, fui até o banheiro, lavei meu rosto e fiquei encarando a face vergonhosa de um garoto que estava completamente satisfeito pela morte de seu pai, achando também completamente desnecessário comparecer a esse evento, preferiria uma festa, talvez uma balada onde o som estivesse bem alto para estourar os meus tímpanos e poder parar de ouvir essa podridão que passava na minha mente todo o santo dia.
Voltei para o quarto, coloquei meu terno, quando olhei para o lado Will também estava pronto com um terno quase igual ao meu tirando as diferenças de marcas e também que ficava muito mais bonito nele, não quis dizer isso também, talvez ele já soubesse.
Saímos de sua casa debaixo de um guarda chuva negro, seguimos para o carro, cedi minha primeira entrada para a mãe de Will, depois o próprio Will e para finalizar fechei a porta e fui para o banco da frente. Seguimos o caminho a frente, logo perto podia ver os muros brancos do cemitério da cidade, meu estômago começou a embrulhar, lembrei que não havia tomado café, mas não era isso, não era fome, era algo que sentia todas as vezes que ia naquele cemitério, o motorista nos deixou na porta e seguimos caminhando juntos para dentro do cemitério com outras pessoas, talvez funcionários da empresado do meu pai, todos seguiam ate o túmulo, passamos por gramados e diversos túmulos que ficavam ao chão, quando vi onde a multidão se aglomerava parei em um lugar alto e observei de longe, Will parou do meu lado e ficou me encarando, eu continuei olhando todos ali.
- Não quer dar apoio a sua mãe? - Eu não respondi, apenas segurei o guarda chuva com força.
A mãe de Will foi para perto da minha mãe e demorou muito para uma sair do lado da outra, muitas pessoas traziam consigo flores brancas, jogavam no buraco e saiam andando, muitas não ficaram para ver tudo terminar. A morte era assim, para alguns uma perda que pode levar anos para ser superada, para outras era menos um pessoa no mundo e tudo bem, afinal nasciam tantas outras em curtos períodos de tempo, que falta aquele ser iria fazer? Ali de cima eu podia ver comportamentos diferente em relação a perda que meu pai faria para cada um, por todo o momento minha mãe não derramou uma lagrima, ela era a esposa perfeita, tudo o que a família Jhonson queria, uma esposa perfeita com um filho perfeito para assumir os negócios da família. A raiva chegava e ia embora na mesma proporção que eu refletia sobre tudo aquilo e de repente tudo estava acabado, com o túmulo fechado o restante das pessoas começou a partir devagar e tristes, minha mãe foi a última a sair abraçada com a mãe de Will, enquanto nós continuamos ali assistindo de longe a grama ser colocada e uma placa ser depositada naquele pequeno lugar onde meu pai estava.
Quando terminaram com tudo, os funcionários saíram de lá, outra coisa que detestava em cemitérios, claro que funcionários não tinham nada a ver com isso, mas no final das contas a morta dava lucro e tudo era feito com uma frieza que era normalizada, aquilo me dava repulsa, mas no final de tudo, era o trabalho deles, o que levava sustento para suas famílias. Solto um longo suspiro ao encarar de longe o tumulo da família Jhonson e menos um lugar ocupado dentro daquele lugar, engoli o choro varias vezes, quando me peguei voltando para o que estava acontecendo na minha frente, pude ouvir Will batendo os dentes atrás de mim, estava frio, mas eu gostaria de ficar ali só mais um pouco.
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Um ceu cheio de estrelas
RomanceCaleb é um talentoso tenista em busca de sucesso, enquanto Will, um garoto que só procura um amigo, enfrenta desafios próprios. Inicialmente rivais na escola, a tensão entre eles evolui para um romance intenso e complexo. Com reviravoltas dramáticas...