05 | linnaea

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O sol passava por uma fresta aberta das cortinas, refletindo bem no rosto da mulher. Ela se remexeu, tentando cobrir os olhos com as mãos, muito incomodada com a luz solar.

Desistindo de voltar a dormir, Delphine abriu os olhos e encarou o teto. Por um momento, tinha achado que tudo que aconteceu no dia anterior havia sido um sonho. Mas, felizmente, não era. Era tudo real.

Ainda estava na cama de Steve Rogers, o homem educado e extremamente alto que a ajudou, ainda usava o vestido rosa e ainda tinha pernas. Ela soltou um gritinho feliz e olhou ao redor. Apesar dos últimos acontecimentos em sua vida, Delphine estava tranquila — pela primeira vez em muitos anos.

Ao seu lado, Capitão dormia de costas, as patinhas para cima e a cabeça na curva do pescoço da mulher. Delphine riu, sentindo cócegas conforme a respiração fedorenta do animal batia em seu pescoço.

Os seus olhos violetas percorreram por cada canto daquele quarto. A cor das paredes eram de um tom escuro de cinza, a lembrando do céu em um dia de chuva.

Uma mistura de cheiros pairava no ar, e Delphine reconheceu apenas um, o do mar — que vinha estritamente de sua pele arrepiada. O outro exalava dos lençóis em que estava deitada, era forte e inebriante. Bem parecido com o cheiro de Steve Rogers.

A mulher jogou as cobertas para o lado e se sentou na cama, analisando as suas pernas com extrema atenção. Eram longas e macias. Era engraçado a forma em que dobravam e os... Como chama mesmo?, ela pensou, coçando os cabelos.

— Pés. — Delphine sorriu, mexendo os dedos e levantando da cama.

Ela ajeitou o vestido rosa em seu corpo e andou pelo quarto de Steve, tocando todos os objetos sobre a cômoda. Então, escutou algo se quebrando em algum lugar, a fazendo encarar a porta branca.

Com cuidado, Delphine saiu do quarto, inspirando aquele cheiro de comida. Ela seguiu para a área iluminada da casa e viu a figura alta de Steve de costas para ela.

Não sabia o que ele estava fazendo, na verdade. Esperava que enquanto estivesse por ali, aprendesse mais sobre o que os humanos faziam. Modéstia parte, até o dado momento, Delphine achava que estava se saindo muitíssimo bem.

O inglês era um pouco difícil. Não estava acostumada a falar aquela língua em Linnaea. Em sua família, eles conversavam em Francês e, claro, o seu próprio dialeto. Além do Francês, Delphine arranhava um pouco de Alemão e Português. Ainda assim, conhecendo um pouco de cada língua, era confuso para Delphine associar as palavras com seus significados e ações.

✓ Sweet Creature • Steve RogersOnde histórias criam vida. Descubra agora