Josephine
Dor. Dor é o que eu sinto. Dor no corpo, dor na cabeça, dor na alma, dor no coração.
Mas a dor física não chega aos pés da dor da minha alma.
Depois que apaguei e vi tudo escuro, só conseguia ouvir gritos e a voz dele me pedindo pra não desistir. Não faria isso. Não desistiria por ele e por Inanna, talvez também pelo o abraço que prometi a mim mesma que daria em dr. Richard.
Sinto choques pelo meu corpo, choques me fazem querer voltar a realidade, não sabia se conseguiria, mas tive que arriscar.
Logo sinto que pararam com os choques, mas o que tinha acontecido? Desistiram de mim? Ou eu desisti de mim?
Estava tudo escuro até que me vi criança, a pequena Jo vinha na minha direção sorrindo, me ajoelho para ficar na altura dela. Ela estava vestida com meu vestido favorito, um vestido amarelo rodadinho, me lembrei que eu ia a todos lugares possíveis com ele fazendo minha mãe reclamar comigo por só querer usar ele. Ela toca meu rosto e sorri.
- Você precisa voltar. - ela me diz. - Volte por mim, por você e por Hero. - a olho confusa, como ela sabe de Hero?
Antes que eu fale algo, ela vira e sai correndo me deixando aqui sem entender nada.
Pisco algumas vezes e me vejo na ponta de um penhasco. Como eu vim parar aqui?
Olho pra baixo e vejo que a queda é enorme e o que eu faço?
Uma voz ecoa de algum lugar, olho novamente pra baixo e vejo ele lá embaixo
- Vem, Jo. Eu prometo te segurar. - Ele diz com as mãos estendidas pra cima
- Eu tenho medo.
- Eu vou te proteger. Eu te seguro! Vem.
- E se eu morrer?
- Eu vou junto! Eu preciso de você. Não desistirei de você. - Ele diz confiante
Mas e se ele não me segurar? E se ele for embora e me deixar cair no chão?
Eu tenho medo. Eu sou traumatizada. Eu sou quebrada.
Dor. Que dor. Dor em todos os lugares. Eu me sinto quebrada. Me sinto negada, me sinto humilhada por minha própria família.
Ele continua me olhando
- O que eu perderia se não me jogasse? - pergunto sincera
- Não sei. Eu que deveria te perguntar.
- O que eu ganharia se me jogasse?
- Vida. Uma nova chance de viver e fazer diferente. Ir à Paris talvez, ou encontrar um amor. - Ele responde
- E se eu já encontrei?
- Você falaria a ele.
- Mas eu tenho medo!
- Medo de quê?
- De não ser correspondida por você.
- Se você pular, vai saber o que sinto! Vem, eu te seguro.
Dor. Mais dor. Essa maldita dor que não passa e só aumenta. Dor.
Fecho meus olhos, tomo coragem pra pular e assim faço. Pulo com medo, com dor e com a certeza de que ele estaria aqui por mim. Disso não teria dúvidas. Mas antes de chegar em seu colo, tudo apaga novamente.
Sinto um incômodo na minha garganta, tusso pra tentar me livrar e sinto vontade de vomitar.
Ouço a voz dele e abro meus olhos, ainda que a luz me incomodasse, eu me mantenho de olhos abertos pra tentar olhar pra ele. Por Hero eu estou aqui. Por Hero eu pulei e pularia outras vezes.
Sinto um nó na minha garganta e depois de lutar contra minha própria voz, consigo chamar por ele. Ainda fraca e com dor.
- Hero.
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I need you. - Herophine
FanfictionJosephine Eu o via, eu o sentia, eu ouvia-o. Queria gritar, espernear, fazer de tudo pra chamar atenção de todos, principalmente a dele. Nunca fui tão bem tratada por um homem, a não ser meu pai ou algum homem da minha família. Como pode alguém que...