- Bom dia, gatão. - Abracei meu avô por trás.
- Bom dia, minha pretinha. Comprei pão fresco pra gente.
- Fez a boa, com direito a mortadela e tudo.
- Sempre faço a ótima. - Fizemos nosso toque e eu sentei na frente dele, fazendo meu prato. Senti que ele me observava e o olhei. - O que que aquele jogadorzinho barato fez com a minha neta? - Ri.
- Nada ué.
- Qual foi, neguinha? Não esquece que te criei, conheço todas as suas carinhas. Amanhece todo dia cantando, essa semana não ouvi sua desafinação um dia. O trabalho tá bem, tu nunca briga com o João, quem dirá com a Flávia, quem mais poderia ser?
- A gente parou de ficar, só isso. Mas não é por isso a falta de cantoria, só estou cansada. Voltei de São Paulo trabalhando direto, não é uma reclamação, obrigada meu Deus, mas a mulher cansa, né fio? É isso só.
- Terminei com o boy, to chorando pelos cantos mas normal, nada demais. - Ri.
- Para de perturbar, idoso. - Ele gargalhou.
- Vai, o que o arrombadinho fez? Tava começando a gostar dele, acabou aqui.
- Não fez nada vôzinho. Sério mesmo, olhando nos seus olhos. Só estamos em momentos diferentes, somos novos, eu tenho muito o que trabalhar, ele leva uma vida frenética, e pra não nos magoarmos, assim foi melhor.
- ... Posso confiar?
- Pode. - Ri. - Foi buscar pão mesmo, ou ver a amada no posto e trouxe o pão só pra não ficar chato?
- Aquele dois em um. - Piscou, me fazendo rir de novo.
- Vale nada.
- To vivendo, esquece. - Não aguentava com ele.
Tomamos café juntos, terminei de me arrumar, botei minha bela mochilinha e saí de casa, que a caminhada era longa. Peguei o ônibus, vazio, por glória e sentei na janela, pegando o celular e suspirando.
Ainda não tinha acostumado de ficar as manhãs sem as mensagens dele de bom dia, confesso. Em compensação, peguei a mania de stalkea-lo, acompanhando a vida dele através dos stories, já que o homem estava postando as noitadas mais do que nunca.
Sentia falta dele demais. O que era ridículo, já que ficamos só dois meses, nada sério e eu sofrendo tal qual quem terminou um relacionamento sólido. Perturbação.
Tirei os fones, guardei na bolsa e desci do ônibus, entrando na agência. Ultimamente eu estava indo direto pras locações onde o ensaio rolava, mas hoje, Helena pediu pra passar na agência antes, que queria conversar.
- Toda vez que eu estou metida em merda, tu ta junto. Estou achando que o problema é você, sinceramente. - Soltei, assim que vi o Vitor.
- Eaí, minha deusa. Tô achando que o dono da confusão sou eu, é mole? Helena ta apaixonada por mim.
- Vai propor trisal, certeza. - Ele riu, beijando meu rosto.
- Quando vamos sair pra tirar essa sua carinha de triste aí, ein?
- Estou num ponto que tô quase aceitando seus rolés malucos.
- Ai, por favor!! Vai ser tudo. Já chama a Flavinha também, que ela é maravilhosa. - Ri,
- Falei, quaaase.
- Quase nada, tem que aumentar esse astral aí. Não me conformo de te ver assim por conta daquele menino.
- Não vai ser dessa vez que tu vai pegar o Gabigol. - Ele gargalhou.
- Isso é um fato triste também, mas juro que estou muito chocado com o outro lá terminando com você do nada. Digo do nada, porque se foi pro causa da Sophia então, fica mais absurdo ainda.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Saturno || Reinier Jesus
Fanfiction"Amor, eu vou te apresentar as estrelas Viajar o mundo, rolé em Saturno igual astronauta"