vinte e sete.

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Dei graças a Deus que Reinielson deixou o carro na garagem do prédio e viemos de uber, pois pós competição de vira-vira, ambos estavam saindo doidinhos. Não o suficiente pra perder a noção, mas o suficiente pra ser um perigo no volante. Não contentes, ainda paramos pra comer um podrão na esquina seguinte da Vitrine e aí sim, fomos pra casa (dele, no caso).

Confesso que estava felizinha hoje. Cansada demais, mas felizinha. Fiz um trabalho com uma marca grande, meu melhor amigo fez sua estreia no time do coração e de quebra, ainda ganhei gol do cara por quem sou apaixonada. Os dias de glória da gata chegaram com força.

Entramos na casa dele, ele foi tomar banho primeiro, enquanto eu ficava brincando com meu didico, que eu tava morrendo de saudade. Logo o gato saiu, só de samba canção, pecado?

- Me olha assim não, ein? Que eu sou fraco. - Dei uma risadinha, sentando na cama.

- Que jeito? - O medi e ele se aproximou, subindo por cima de mim e me fazendo deitar um pouco o corpo.

- Desse jeitinho gostoso mesmo. - Segurou meu rosto, me beijando devagar, antes mesmo de esquentar, o Didico deu um latidinho.

- Mas você ta fazendo o que aqui? Hora de criança estar dormindo, filhão. Bora, se adianta. - Levantou e abriu a porta, enquanto ele sentava, com o rabinho abanando.

- Não fala assim com meu menino, vem bebê. - O bonito não pensou dois segundos antes de vim pro meu pé, enquanto eu o pegava no colo.

- Namora com ele então, gatona.

- Bem vou mesmo, já que com o dono eu não namoro. Mãe ta solteira. - Provoquei.

- Se o vô Antônio disse que estamos namorando, então estamos, filha. Pecado discordar dos mais velhos. - Gargalhei, enquanto ele deitada no canto da cama.

- Não vale o chão que pisa, né? Impressionante.

- Depende. - Alisou minhas costas e eu me arrepiei, levantando.

- Tchau ein, vou tomar banho. - Ele riu, enquanto Didico ia pra cima dele, deitando em seu peito.

- Agora tu vem, né? Pilantra. - Ri da cena, pegando um camisetão dele e indo pro banheiro. Tomei banho, coloquei só a camisa e calcinha, fiz um coque e sai, vendo ele mexer no celular.

- Noga ta causando lá na... Quer me derrubar hoje, né? - Me mediu.

- Pelo contrário, amor. - Ele riu. - Cadê meu menino?

- Tô aqui vida.

- Expulsou o cachorro do quarto, garoto?

- Ele que saiu, acredita? Cansou de mim. - Fez drama, me fazendo rir. - Mas vou procurar, que esqueci de colocar o portãozinho antes da escada. - Levantou, abrindo a porta. Deitei e dessa vez, eu que comecei a mexer no celular, até ouvir as patinhas do bonito entrando no quarto. Olhei e reparei que ele carregava uma plaquinha de papel sulfite no pescoço.

- Ué... - Peguei ele no colo, sentindo meu coração acelerar ao ver a plaquinha.

"Escrevi esse bilhete escondido do meu pai pra te implorar pra namorar com ele. Aceita aí, o homem te ama (e eu te quero como minha mamãe)."

Eu reli aquele papel umas quatro vezes, muita informação, sou cardiáca gente, isso não é coisa que se faz não.

- Que isso, não posso deixar esse cachorro sozinho um minuto. - Disse, parado na porta. O olhei, ainda segurando o papel, sentindo minhas mãos suarem. Ele deu uma risadinha e se aproximou, sentando do meu lado. - Você quer namorar comigo, pretinha? - A expressão rindo de nervoso nunca fez tanto sentido, meu pai amado.

- Reinier, a bebida subiu, né? - Ele gargalhou, se aproximando um pouco mais.

- Ih fia, se for assim, tô vivendo bêbado então. Porque estou com vontade de te propor isso faz um bom tempo. - Ri, passando a mão no rosto.

- Reinier de Deus. de Jesus, no caso. - Ele gargalhou de novo.

- Ta... Entendi. Ficou faltando um esforço a mais, né?

Saturno || Reinier JesusOnde histórias criam vida. Descubra agora