- dezesseis.

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Reinier Jesus Point of View

Nunca me liguei em desfiles. Na verdade, nunca me liguei em moda, não era atoa que era o próprio inimigo dela, até conhecer dona Carolina.

Agora estava aqui, sentado com um monte de marmanjo em volta, segurando um celular e vendo desfile de moda só pra vê-la.

Pelo o que a Flavinha e João disseram, o dela seria o primeiro e depois desfilaria novamente lá pro final, que era a hora que estaria em campo. Tava entendendo porra nenhuma, uma abertura louca e conceitual lá, com umas músicas de C&A, até que as luzes se apagaram e alguns modelos começaram a entrar.

- Nossa, essa é a amiga da Carol? Se for, me apresenta. - Gabriel disse, nos fazendo rir.

- A mina 1,90, Gabigol. Da três de você. - Everton disse, nos fazendo rir.

- Ela já passou?

- Ainda não. - Eu, João e Lincoln respondemos, enquanto eu o olhava feio, fazendo o Vinicius e o Batista rirem. Voltei a prestar atenção no celular e logo ela entrou, séria, com uma roupa toda dourada. Senti um frio na barriga e respirei fundo, pelo amor de Deus...

- Caralho, minha irmã é pica. - João disse, vidrado na tela assimcomo eu.

- O sorrisinho dele. - Gerson comentou e eles gargalharam, enquanto eu ria.

- Pera porra, deixa eu terminar de ver. - Eles riram mais ainda e eu ignorei, com os olhos fixos na tela. A mulher era bonita demais.

- Que isso Rei, muita classe pra você, ein? - Arão soltou e eu ri, bloqueando a tela, pois ela tinha acanado de desfilar.

- Eu também acho, mas ta comigo até o momento, né? Só agradecer e não questionar muito os planos deus.

- Isso aí, meu garoto. Questiona muito não pra deus não parar pra pensar no seu caso. - João disse, me fazendo rir. - Porra, to feliz pra caralho.

- Eu também. - Soltei no automático e aí foi minha deixa, zoado toda vida. No caso, até o mister entrar no vestiario, mandar a gente parar de farra e se arrumar pra entrar em campo.

Foi no automático, mas não menti. Estava feliz pra caralho pela pretinha.

Como disse, não entendo nada de moda, mas consigo ver de perto o quanto ela se esforça pra ser uma profissional foda. Se fizesse o básico, já estaria bom, porque a garota carrega o rosto mermo, mas, a bichinha é profissional demais. Tem dias que cinco da manhã, já está mandando mensagem, saindo de casa. Outros, chegando de madrugada. Vira noite estudando, assistindo documentários, porra, ela é foda e se pra mim, que a acompanha há poucos meses, da orgulho, entendo totalmente o sorriso do João, que ainda não tinha saído do rosto.

Ri sozinho na fila, olhando pra baixo e balançando a cabeça negativamente. Sempre tive em mente que momento pré jogo, era o mundo lá fora e foco no campo. Mas a filha da mãe me fez contradizer até nisso. Não contente em me fazer fingir piriri só pra desejar boa sorte, assisti o desfile e agora estava aqui, prestes a entrar em campo, pensando na gatona desfilando. Tava linda, isso é fato. E eu estou perdendo cada vez mais a postura, mais fato ainda.

Respirei fundo e assim que o adversário se posicionou ao nosso lado, me obriguei a focar no jogo.

(...)

- Vitrininha pra comemorar a goleada? - Thuler disse, colocando a camisa, já no CT.

- O dia que eu não fechar um furduncio, meu amigo. - Noga soltou.

- Passo, vou ver minha família e a madame. - João soltou. Os moleques foram topando, enquanto eu ligava o celular.

"Benzinho..."

Saturno || Reinier JesusOnde histórias criam vida. Descubra agora