vinte e um.

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Reinier Point Of View

- Rapaziada, acho que deu pra mim por hoje. - Soltei, olhando pros moleques que estavam na mesa.

- Que isso, meu Rei. Quase não bebeu, não beijou, não fez uma merda e já vai embora? - Noga disse.

- Desculpa padrinho, pai ta cansadão. Bom que geral ta se divertindo, né? - Olhei pro resto do pessoal que estavam queimando a largada pelo camarote. - Vou pegar um uber e ir casa descansar. - Ele semicerrou os olhos.

- Sei que não é por cansaço porque tu é o próprio inimigo do fim. Mas é um motivo plausível.

- Já dizia Péricles, eu não to legal. - Ele riu.

- Otário até quando tá sofrendo, que ódio. - João riu. - Se a gente não tivesse acabado de chegar e eu não fosse pra Penha daqui, te levava, padrinho.

- Não filho, fica aí de boa, vou pegar um carro aqui na frente, vinte minutos to em casa. Noguinha, foi mal, viu? Prometo que na próxima viramos juntos. - Fizemos nosso toque.

- Fica em paz, irmão. Obrigado por ter vindo. - Piscou. Me despedi deles,  saindo de fininho, pro resto do pessoal não me ver, que iam pesar pra caramba na minha.

Já sai de lá pedindo o carro, que logo chegou. Não tinha aproveitado quase nada, estava angustiado pra caralho desde a conversa com o João. Realmente, o homem ser burro é foda. Mas pô, se coloca no meu lugar também, né? Vamo combinar que a cena que eu vi não foi um mamão não.

Mas que eu poderia ter conversado antes. Podia.

Gomes

vem cá...

tu não tá indo fazer merda não, né?

que é tua cara

Reinier

kkkkkkkkkk não porra

só não tava no clima hoje

to chegando em casa já

- Opa, valeu patrão. Ta pago já, né?

- Eu que agradeço pela viagem. Ta pago sim. E posso falar? Sou Flu mas tu é brabo. - Gargalhei.

- Pô, valeu. Boa noite e bom trabalho. - Ele assentiu e eu desci do carro, entrando no prédio.

Subi em casa, peguei a chave do carro e desci novamente. Não ia fazer merda uma porra.

O correto seria eu esperar até amanhã, mas não consigo, preciso falar com ela agora. Sabendo que ela não curte ficar até de madrugada no rolê, ela deve estar indo pra casa agora, só espero chegar antes da doida dormir.

Sempre me falaram que quando tu se apaixonava, ficava sem noção nenhuma. Nunca acreditei, assim como nunca paguei tanto com a lingua. A mulher tinha me deixado completamente tilt, a ponto de estar atravessando a cidade, de madrugada, só pra pedir desculpas, e se tivesse loja chocolate aberta, levaria de novo, que nem só de orgulho vive o homem.

Estacionei na frente da casa dela, pegando o celular e ligando pro seu número. Caixa postal.

Tentei de novo, a mesma coisa.

Não ia buzinar por conta do seu Antônio, mas lembrava que os fundos da casa dela, dava pra rua de trás. Já tinha visto da casa do João uma vez. E lá vai o homem atrás da humilhação.

O muro era baixo, mas tinha um quintalzinho nos fundos, deixando a janela do quarto dela um pouco longe. A janela era de aço e estava fechava, mas dava pra ver a luz acessa, me fazendo tomar um pouco mais de coragem. Liguei mais uma vez antes de fazer a merda, caixa postal. É isso, Deus viu que tentei.

Saturno || Reinier JesusOnde histórias criam vida. Descubra agora