quarenta e quatro.

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Carol POV

- Bora seu Antônio, só mais uma série. - Lucas, que era fisioterapeuta dele, disse.

- Já que é a última, poderia colocar mais peso, ein? O que tu acha? - Parei ao lado do Lucas.

- Essa última ele fez corpo mole, né? Acho que é uma boa.

- E eu acho que tem que entrar um no

- Olha a educação, Antônio! - Disse tal qual uma mãe, enquanto o Lucas gargalhava.

- Vai aumentar nada não, deixa eu respirar que já volto. Sou gostoso mas não sou mais atleta não, filhos. Muita calma nessa hora. - Passei água pra ele.

- Gostoso graças a quem? - Lucas soltou.

- Eu mesmo. Meus pais na real, negão sempre foi bem feito. - Eu ri, balançando a cabeça negativamente. - Mentira, você é brabo. - Bebeu a água. - Mais 10?

- 15, meu gato. - Soltei.

- Fisioterapeuta tu?

- Olha como ele se passa, Lucas. - Ele riu.

- 15 seu Antônio, bora. - Deu um tapinha nas costas dele, que revirou os olhos e voltou a fazer o exercício, enquanto Lucas contava e eu olhava com um sorrisinho. - Só mais três, confio no senhor, bora. 11, 12, 13, 14... 15.

- Porra... - Respirou fundo. - De hoje ta pago. - Rimos e Lucas o ajudou a tirar as pernas do aparelho.

- Consegue ir até a cadeira?

- Lógico, pai tá o toque. Pega minha bengala ali, pretinha. - Levantei, passando pra ele.

- O senhor ta aprendendo essas gírias onde, cara? - Riu.

- Namorado dessa aí que me viciou. - Se apoiou na bengala e foi com calma até a cadeira, sentando.

- Que isso, o homem tá uma máquina. - Nós rimos.

- Pega ele agora.

- Eu brinco mas estou gostando muito da evolução do senhor. Seus músculos estão firmes, seu equilibrio melhorou muito, está andando mais rápido... Tô gostando de ver.

- É, tô me dedicando. Senti bastante melhora também, principalmente nessas situações mais básicas em que tenho que passar de uma estrutura pra outra, caminhar um pouco ou ficar em pé. Já não sinto dor pra fazer nada disso que nem antigamente, mas queria mesmo era andar 100% de bengala. Liberdade de poder ir pra lá e pra cá sem esse trambolho aqui, que te falar? Já tem uns anos mas fico puto com essa porra, perdoa o palavrão. Dói minha mão, dói meu braço, pô, uma merda. Mas assim, sei que não é possível, só desabafo mesmo.

- Eu entendo totalmente o senhor. Cadeira de rodas é comodo, mas machuca, ocupa espaço, sua reclamação e os palavrões são totalmente plausíveis. Infelizmente se locover apenas com a bengala, dada suas condições, realmente vai ser bem difícil, mas, vendo a evolução do senhor, podemos dar uma intensificada nos exercícios de força para que seja possível ao menos usar a bengala em casa. O que o senhor acha?

- Pra mim, já seria perfeito.

- Vai demorar, é um processo lento, mas o senhor é dedicado, certeza que vamos conseguir.

- Fecho muito. - Fizeram um toque.

- Boa, moleque. - Eu ri.

- Não aguento com vocês.

- Sou avô é meu melhor paciente, Carolzinha. Quando tu não vem ele passa a consulta toda falando mal de você inclusive. - Gargalhei.

- Imagino, me ama muito esse aí. - Massageei as costas dele.

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⏰ Última atualização: Mar 08, 2022 ⏰

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Saturno || Reinier JesusOnde histórias criam vida. Descubra agora