trinta e dois.

1.2K 136 26
                                    

Flávia POV

- Comprou, amor? - Perguntei, prendendo o cabelo.

- Comprei, neguinha. - Colocou a caixinha e um copo d'agua na minha frente.

- Obrigada, meu bem. - Virei, fazendo biquinho, enquanto ele ria e selava nossos lábios, sentando na cama e me olhando. - Uma dose só, né?

- Sim senhora, mas vem cá, qual é a diferença?

- Uma só vem uma pilula, tu toma e já era. A outra você toma a primeira, e dose horas depois, toma a segunda. - Abri a cartelinha, tomando com a água. - Não tem tanta diferença na eficácia, mas a dosagem de hormônio dessa é bem maior.

- E não faz mal não, nega?

- Mal demais, é uma chuva de hormônio do nada no seu corpo, né? Bagunça tudo, principalmente pra mulher que toma como se fosse pílula comum, papo de ter trombose e tudo se tomar em excesso.

- Pô, aí é foda. Sabia disso não.

- Pois é.

- Não vacilaremos mais então. - Levantei, sentando no seu colo.

- Por favor, meu bem.

- É que tem dia que é foda de conseguir parar pra lembrar de pegar a camisinha, mas, vou me policiar, juro. - Rimos.

- E eu não ajudo, né? Porque ontem tu comentou e eu lá, trabalhando.

- Lembra não que se não a gente não vai pra quiosque nenhum. - Beijou meu ombro, enquanto eu ria e levantava.

- Ta bom?

- A gente vai em um quiosque na praia, Naflavia. Chinelo e biquini, fia. - Arqueei a sobrancelha.

- Ta bom? - Perguntei de novo, dando uma voltinha e ele riu.

- Não só bom, como ótimo. Tu sempre ta muito estilosa, neguinha. Ta linda, o aço. Podemos?

- Agora sim. - Ri, soltando o cabelo, colocando um boné dele e saindo.

Tinhamos marcado de encontrar o casal 20 em um quiosque que tinha inaugurado ali na Reserva. Tava um sol pra cada um, final de tarde, geral de folga, nada mais justo. Sabendo que iriamos encher a cara, fomos de uber, levando dois pulos pra chegar, já que era só seguir a avenida principal direto.

Descemos na frente do quiosque, vendo o Rei sozinho em uma mesa pra quatro, pertinho do palco e da areia, mexendo no celular.

- Ih, Carolzinha desistiu? - João perguntou, fazendo um toque com ele.

- Sinceramente? Estou farto.

- Do que, louco? - Beijei sua bochecha, sentando na cadeira da frente.

- Ninguém pergunta se estou bem, não tenho um oi, apenas cade Carol, cadê Carol. Sabe? Dói. - Nós rimos.

- Para de ser otário. - Ele riu.

- Teve acidente na Brasil, ta presa lá no trânsito, mas daqui a pouco chega.

- Nem foi buscar a garota, esses bofes de hoje em dia estão uó. - Abri o cardápio.

- Nossa, tua lingua ta lá no meio da avenida ainda né? Tu sempre chega antes que ela. Vim de a pé, linguaruda. - Gargalhei.

- Essa aí é viciada em julgar menor, já busquei tratamento, mas não deu jeito não.

- Proibida de emitir opinião por aqui, foda mané. - Eles riram. - Nossa, a gente podia pedir essa porção de camarão, né? Deve chegar junto com a gata.

Saturno || Reinier JesusOnde histórias criam vida. Descubra agora