AYLA:
Chego à empresa quase no horário da reunião e não enrolo para subir a sala da presidência.
Assim que as portas se abrem, vou para a minha mesa pegando o tablet, tirando meu véu e entrando na sala de David.
- Desculpe a demora, está pronto para a reunião? Ele deve estar para chegar. – Digo e David que estava sentado em sua cadeira olhando a vista pela grandes janelas de vidro apenas acena com a cabeça sem me olhar.
Ele se levanta de sua cadeira e passa por mim sem me dirigir uma palavra e um olhar. Respiro fundo e o sigo saindo da sala.
David caminha em direção a sala de reuniões enquanto espero pelo sr. Belkov na recepção desse andar.
Não demora muito para que ele chegue.
Um senhor simpático, mas que mostra uma seriedade no negócio. Ele vem acompanhado de sua secretaria que também veio traduzir a reunião. Sendo assim não teremos problemas em nos comunicar.
Eu os levo para a sala de reunião, assim que entramos, David cumprimenta a todos nós sentamos para conversar.
A reunião dura cerca de 1h30m e eu na o precisei traduzir quase nada, já que a secretaria do sr. Belkov foi a escolhida por ambos para focar em traduzir a conversa, enquanto eu apenas fazia anotações e traduzia termos e palavras ainda desconhecidos pela moça.
David ainda continuou distante e quando penso nisso, ele não me olhou direito desde que Enzo abriu aquela boca imunda dele no banco para falar de mim. Respiro fundo e dou de ombros.
Que seja, só terei que explicar isso para ele caso meu emprego esteja em risco. Não quero que ele pense que eu posso rouba-lo.
Nunca roubei ninguém, sempre me deram por livre e espontânea vontade.
Terminamos a reunião e tudo ocorreu bem, já era quase fim de expediente e eu poderíamos dar o trabalho por encerrado.
Acompanho David até o elevador, que assim que entramos ele parece bufar raivoso, mas ainda não diz nada.
- O que foi? – pergunto.
- Nada. – Ele diz respondendo ríspido e saindo na frente quando as portas do elevador se abrem.
Vamos para o carro dele e entramos no maior silencio. Ele começa a dirigir para fora da cidade e so quando paramos em farol próximo ao meu apartamento ele abre a boca para falar.
- Por que foi com ele? E por que o deixou falar aquelas coisas de você sem se defender? – ele pergunta me olhando nos olhos e vejo que está bravo.
- Tenho um motivo para ir com ele e por que eu teria que me defender? – pergunto.
- Ele falou mal de você Ayla, inventou aquelas coisas e ele parecia ser um homem violento. – Ele diz e eu sorrio.
- Ele inventou? – pergunto ainda contendo um sorriso sarcástico em meu rosto, ele disse a verdade David. - sei quem eu sou e não nego.
- Está dizendo que fica com os homens por dinheiro? Você o roubou e se aproximou de mim para fazer o mesmo? – ele pergunta dessa vez baixo, mas posso ver os nos de seus dedos brancos ao apertar o volante.
- Eu não o roubei, e seu eu quisesse dinheiro de você David eu já o teria. Mas não por roubar, você teria me dado de bom grado. – Falo o olhando nos olhos. – Eu não sou uma ladra David, ambiciosa sim, ladra não.
Vejo ele me olhando, mas não sei o que se passa em sua cabeça.
Ouvimos uma buzina e vemos que o sinal já está aberto. David dirige o caminho que falta e logo está entrando na garagem do meu prédio, estacionando o carro na minha vaga. Mas assim que para ele não sai do carro ou faz algum movimento que indica isso.
- Você não vai me enganar e tirar dinheiro de mim Ayla. – Ele diz e finalmente me olha friamente. – Agora que eu sei quem você é vou tomar mais cuidado.
- Eu já lhe disse, se eu quisesse já teria feito. – Falo agora ficando brava.
- E como você faria isso? – ele diz gritando e pegando em minha nuca me levando para mais perto de si.
Eu olho para David e não me arrependo nem um pouco de fazer o que vou fazer.
- Você não me conhece nem um pouco David. – Digo baixo para ele. – Você não sabe o que é ser uma garota órfão sem família em um país machista onde tudo gira em torno de homens e como satisfá-los. – Falo e respiro fundo sentindo um aperto. – Garotas como eu ou acaba mortas ou como escrava sexual de algum homem rico, eu tive sorte de ser mandada para um orfanato para garotas, o melhor que se pode existir, mas nem tudo era o que aparentava ser. Eu virei mulher, mulher em um lugar que por não ter uma família pode ser tratada como vagabunda. David, quando eu fiz 18 anos em vez de ganhar minha liberdade eu a perdi, estava com uma dívida enorme, responsabilidades que eu não deveria ter e sem um lugar para ir. A única maneira que eu achei para me defender foi essa e não me arrependo nem um pouco da vida que eu escolhi, porque ela me permite pagar minhas dívidas e agora que eu estou tão perto de ser livre de verdade, não vou me prender a algo novamente. – Falo deixo que as lagrimas escorram por meu rosto.
- Ayla, eu... – ele tenta dizer algo. – Não chore, por favor. – Ele limpa minhas lagrimas mas eu continuo olhando firme para ele.
- Enquanto eu não pagar tudo, nunca vou ser livre David, sempre vou estar ligada a esse lugar. Por mais que eu tente fugir. – Digo e só então me permito desviar o olhar.
Tiro sua mão da minha nuca e abro a porta saindo do carro.
Ando até o elevador e enquanto o espero, sinto as mãos de David segurar meu pulso com delicadeza e me virando para ele.
- Me desculpe Ayla, me desculpe mesmo. – Ele diz e me puxa para si me abraçando. – Eu posso te ajudar, se voce quiser.
- O que quer dizer com isso David? – pergunto.
- me diga de quanto precisa e eu... – ele começa a dizer e eu rio o interrompendo.
Saio de seus braços e o olho.
- Viu como foi fácil? Não é só sedução que funciona David. – Falo e o vejo me olhar confuso. – Eu vou te falar uma vez e espero que me entenda, minha paciência com homens acabou e isso inclui você. No trabalho eu sou sua secretaria e fora dele, caso queira me foder, terá que pagar. Pense de mim o que for David, prostituta ou interesseira, tanto faz, esse termo não me atinge. Mas não me cobre nada do que não tem direito e nunca, nunca, duvide da minha conduta profissional no trabalho. – Falo e as portas do elevador se abre e eu o entro.
Ele não me segue, fica apenas me olhando e eu o deixo ali.
Com o que quer que esteja passando por sua cabeça.
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Apaixonado por uma interesseira
RomanceAyla, sim. Ela é totalmente interesseira quando se trata de homens. Ela sabe o que quer e como fazer eles se ajoelharem aos seus pés. Mas uma mudança de ares é tudo o que Ayla deseja ao sair de Dubai e morar em nova York. Uma vida nova e um emprego...