Capítulo 37

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AYLA MILLER:

Olho para todos aqueles homens sentados em suas cadeiras, com suas placas na mão prontos para darem um lance. A maioria nem é árabe, mas se aproveitam das leis fracas para mulheres do nosso país, fazendo desse lugar um paraíso de suas perversões.

- Aqui. – Grita um que está bem na frente e eu sorrio.

Stela pode fazer o que for, mas ao me tornar a primeira acompanhante, prostituta ou o que quer que ela nos chame, foi como dar início ao seu próprio fim.

- Okay, sei que podemos fazer melhor que isso. Vamos deixar o leilão de lado e fazer um evento beneficente. – Digo os encarando. – Vamos lá, qual valor vocês estão dispostos a doar para que as meninas saem daqui livres? Sejam generoso! – grito e vejo Stela tremer ao meu lado.

- O que pensa que está fazendo? – ela me pergunta enquanto os homens se apressam para assinar seus cheques.

- Ora, atrapalhando você. Achou mesmo que ia me vender assim? Você se esqueceu que me fez a melhor, não pensou que eu fosse ficar embaixo das suas asas? Não quando você nem foi capaz de controlar Tatiane.

- Tatiane? Minha filha se rebelou, achou que podia mais que eu, tive que cuidar dela ou tudo que eu construí iria por água abaixo.

- Matá-la foi mesmo sua única opção Stela? – pergunto a encarando, ela precisa dizer e para isso eu preciso ser direta.

- Ela não entendia, eu precisei então silencia-la! – Stela grita. – Ela era a minha filha, mas ficou no meu caminho e eu mato quem estiver nele, assim como farei com você agora! Wagner! – ela chama seu brutamontes e eu sorrio.

- Espero que tenha ouvido isso sr. Torres. – Falo no microfone fazendo com Stela olhe para os lados.

Com tudo o que dizia, ela não percebeu o silencio que estava na sala, não viu que todos nos ouvia. Até mesmo os agentes americanos que estão infiltrados aqui.

- é exatamente o que precisávamos srta. Miller. – O sr. Torres diz se levantando da cadeira e olhando a Stela.

- Sra. Pizoto, você está presa e espero que colabore com... – Ele mal termina de dizer e ouvimos um disparo.

Wagner atirou contra o sr. Torres e Stela aproveitou para correr. Mas todas as saídas estavam cobertas de policiais, mesmo ela não sabendo disso foi para uma porta dos fundos. Mas não sem antes se virar e tentar díspar contra mim.

O disparo erra, mas logo os outros policiais estão atirando. Vejo um tiro acertar Wagner na perna e ele cair, pouco antes de conseguir passar pela porta com Stela.

- Me ajuda. – Ele pede para ela, que apenas balança a cabeça e fecha a porta atras de si.

Ela nunca ajudaria alguém que a atrasaria, mas me surpreendo que mesmo após ser abandonado para trás, Wagner se coloca entre a porta e aproveitando que está caído, usa o peso do seu corpo contra a porta para impedir que os policiais passe por ela.

Ele ainda ajuda Stela lhe dando algum tempo para fugir antes dos homens do sr. Torres conseguir remove-lo e o algemar.

- Ayla! – ouço a voz dele e mesmo parada no mesmo lugar, meu mundo para.

David?

Olho para o salão, onde muitos tentam sair antes que possam ser reconhecidos. Mas vindo na direção oposta ao tumulto, em linha reta até mim, David me olha preocupado.

- Ele atirou na sua direção, se machucou? Onde esta ferida? – ele pergunta e quando está bem próximo a mim começa a me tocar procurando algum ferimento.

- David... o que faz aqui? – é a única coisa que consigo questionar para ele.

Por quê? Por quê? POR QUÊ?!!!

- Quando te levaram, você deixou seu celular cair e seu diário estava aberto, seu pai acabou no hospital e enquanto eu fazia companhia a ele, acabei lendo. – Ele diz mas não olha em meus olhos, ainda procura um ferimento em mim.

- Meu pai está no hospital? – pergunto com medo e já deixo que as lagrimas caem.

- Foi só a pressão, ele ficou preocupado com você. – Ele fala e quando se dá por satisfeito depois de me avaliar toda, finalmente olha em meus olhos. – Ayla, eu sinto muito.

Eu olho, não sei o quanto ele sabe. Não sei pelo que ele sente. Mas no momento eu só quero meu filho e o meu pai.

Me desvencilho dele e caminho até o sr. Torres que está sentado e uma cadeira limpando o sangue em sua perna, onde a bala pegou de raspão.

- Vou para o hospital, meu pai está lá. – Digo para ele.

- Va com um dos meus homens, ninguém aqui veio com o próprio carro, Stela tem um próprio serviço de motorista para buscar os convidados em eventos como esse, assim ela não precisa divulgar a localização e não tem perigo de armarem uma cilada, se não fosse por você seria impossível estarmos aqui.

Apenas concordo com a cabeça e logo não demora muito para eu estar indo em direção ao hospital no banco de trás de um carro e com David ao meu lado.

Eu quero fazer tantas perguntas, tenho medo de muitas respostas, mas também tenho a sensação que se eu não perguntar nada voai ser melhor para mim ao mesmo tempo que isso pode me sufocar.

- Ayla, seu diário... – David tenta dizer, mas eu o corto.

- Aquilo não era um diário, David. – Digo enquanto deixo minhas lagrimas caírem pelo misto de sentimentos que estou tendo. – Aquilo...

- Não precisa me dizer, sei que estou me intrometendo, mas eu me preocupo com você Ayla. Entende o quão importante você está sendo para mim? – ele diz pegando em minha mão.

- Mas eu quero contar, sabe que somente duas pessoas sabe o que acontece comigo e não é tudo, elas só sabem o que eu achei que era o suficiente saber. Mas eu não sou tão forte quanto eu pareço David, agora finalmente vou conseguir enfrentar tudo e estou com medo, muito medo. – Digo me abrindo de verdade, como eu não fazia a muito tempo.

- Calma, meu amor – ele diz me puxando para si e me abraçando.

Estamos no banco traseiro de um carro, com um desconhecido dirigindo e eu não me importo nem um pouco em chorar nos braços dele.

- Você não devia ter ido lá, poderia ter sido mais perigoso do que foi. – Falo.

- Aquilo já foi muito perigoso Ayla, você poderia ter morrido, o tiro poderia ter acertado em você. – Ele fala bravo, mas não deixa de passar a mão pelos meus cabelos.

- Mas ainda não acabou David, ela fugiu.

- Eu já sai de perto de você uma vez e te levaram, não vai acontecer novamente.

Apaixonado por uma interesseiraOnde histórias criam vida. Descubra agora