Capítulo 3: Anelise Raven

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Antes mesmo de o corvo adentrar no castelo, tinha ocorrido um forte aguaceiro no lado de fora da fortaleza. Diversas gotas de água poderiam ser visualizadas nas extremidades das folhas das árvores e nas mais diversas flores negras que formavam a flora da ilha.

Após a breve encarada entre Anelise e Mihawk, o esgrimista fechou os seus olhos levemente, estava novamente pensativo. Ele continuava intrigado relativamente à jovem visitante. Ela parecia ser uma pessoa diferente. Aparentava ser uma pessoa especial, muito especial. 

A aura dela era uma aura primariamente monótona, como se estivesse sendo bloqueada pela própria garota. Contudo, apesar da monotonia, ela não aparentava ser uma pessoa com más intenções, e o espadachim poderia ter uma noção disso através do seu Mantra, que lhe concedia a capacidade de identificar as verdadeiras intenções dos indivíduos que ele analisava, e as intenções daquela garota no momento eram bastante insontes e simplórias. 

Por esse motivo, Mihawk abaixou ligeiramente a sua guarda, e tomou a iniciativa de iniciar um diálogo com a jovem. Ele tinha muitas perguntas para lhe fazer, a começar, obviamente, pelas mais básicas. 

Eu não sou um hospedeiro propriamente dito, e muito menos um banqueteador. Se estás à procura de alguma festa, este lugar não é para ti, menina. Por que motivo decidistes entrar aqui? Qual é o teu objetivo aqui dentro?  perguntou o espadachim, consideravelmente curioso em relação às respostas iminentes de Anelise.

Eu sei muito bem disso. Sr. Mihawk. Não possuo muito conhecimento sobre o seu estilo de vida, mas é do meu entendimento que você não é muito fã de barulho e chusmas. Na verdade, peço que o senhor avise-me caso eu me torne um eventual estorvo para si, pois atrapalhar a sua paz é a última coisa que eu desejaria fazer. Bem, o que me traz aqui? Na verdade, nenhum assunto em particular... Eu só estava a voar pelos arredores, enquanto tentava esquecer os meus problemas, quando avistei esta ilha. Sobrevoei-a por alguns instantes até ver este castelo, que despertou a minha curiosidade, por isso, decidi conferi-lo, sem saber que o senhor era o proprietário. Todavia, só decidi entrar realmente quando vi o bule de chá sobre a mesa... Se não for muito aborrecido, gostaria de fazer-lhe uma pergunta... Eu poderia juntar-me a si nesta singela madrugada? — questionou a jovem, novamente sem transparecer nenhum tipo de emoção através do seu rosto ou das suas palavras.

Entendo. Também não aparentas ser uma jovem violenta ou irritante, por isso creio que possas ficar por algum tempo. Não é todos os dias que eu recebo visitas tão invulgares assim. Esta ilha é uma das regiões geográficas mais isoladas do planeta. Se conseguiste encontrar-me, é porque estavas realmente perdida nos teus pensamentos, e esse comportamento não é nada proveitoso.

Sim, você... você tem razão. Eu estava praticamente perdida dentro da minha mente, e se não fosse por esta enorme construção e pela sua majestosa presença, eu provavelmente já estaria bem longe daqui. 

Acredito que possas manter um ambiente estável por aqui, contanto que não sejas semelhante aos visitantes precedentes, seres insignificantes que só sabem importunar e prejudicar vidas alheias. Enfim, você disse que eu despertei curiosidade em ti, por acaso és uma espadachim interessada em obter mais conhecimento sobre o caminho da espada? Ou pelo menos uma pessoa que se sente apta a participar em combates que envolvem o uso praticamente constante dessa arma?

Logo após fazer essas indagações, o esgrimista abriu os seus olhos e dirigiu a sua mão direita a uma das chávenas brancas que havia na pequena mesa, enquanto a mão esquerda dirigia-se ao bule. O intuito do esgrimidor era encher a chávena com o chá de alecrim, já que esse foi o pedido da jovem. Apesar de ser alguém que não era muito favorável a visitas de estranhos, ele decidiu dar uma exceção a Anelise, devido principalmente à sua notória curiosidade e também com o intuito de fechar a sua madrugada enfastiosa com um encontro substancialmente interessante.

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