O Destino das Aves Rebeldes

Capítulo 19: O Orbe Gravitacional

À medida em que as penas metálicas estavam se aproximando paulatinamente da pele do espadachim na horizontal, prontas para perfurá-la, algo terrivelmente horripilante ocorreu nesse meio-tempo. Mihawk abriu rapidamente os olhos e, desses olhos majestosos, uma luz forte e nitente foi desencadeada explicitamente, demonstrando assim o uso atual de seus poderes oculares, o maior trunfo do melhor esgrimidor do mundo. Não era o seu rei, nem a sua dama e muito menos era seu valete, era, sem dúvida, o seu joker mais fúlgido e eficaz. Nem o mais assertivo cartomante e nem as cartas mais profundas e titubeantes do tarô eram tão complexas e esotéricas quanto o olhar místico, dúbio e luzidio de Mihawk.

Ele tinha ativado o poder da precognição com os seus olhos de cor âmbar, uma ação totalmente usual, para poder enxergar uns segundos no futuro e ter conhecimento das próximas ações de Raven, para poder contra-atacar da forma mais eficiente possível. Ulteriormente , após visualizar o futuro, Mihawk, para escapar daquela gaiola magnética, ele tinha que desvendar as fragilidades da mesma, ou seja, tinha que descobrir os seus pontos fracos e usá-los como vantagem para desfazer aquela magia magnética sem exercer grandes esforços ou de elaborar grandes subterfúgios. 

E assim, com o uso infalível e frequente do seu Mantra evoluído ao máximo, o espadachim de olhos místicos, em poucos segundos, através da clarividência, conseguiu obter informações cruciais acerca de um pequeno sulco que havia no meio da jaula magnética de penas metálicas. Uma abertura extremamente minúscula que, se usada, poderia anular por completo o feitiço mágico de Raven, libertando assim o Olhos de Falcão daquela indesejada gaiola, que era bastante rija e porfiada.

Sendo assim, tendo aquela brecha na sua mira invejável e certeira, Mihawk ergueu rapidamente a Yoru para cima, fatiando a gaiola ao meio rapidamente, de baixo pra cima, abrindo uma passagem larga o suficiente entre as penas metálicas cortadas em seu caminho, para que ele pudesse usar para sair dali, porém, Raven, ao ver que o espadachim poderia escapar facilmente daquela gaiola, levantou o seu sabre de esgrima levemente para cima, para exercer mais força nos campos magnéticos das penas metálicas, que estavam a ser rigorosa e meticulosamente manipulados pela mulher-corvo. 

Através de um controlo mais severo, as penas metálicas conseguiram reconstruir-se e também tiveram êxito em reagruparem-se umas nas outras, como se fossem uma rede esférica de adagas atadas, porém, a feiticeira não foi rápida o suficiente para impedir o inevitável. Mihawk conseguiu atingir a brecha que havia no cárcere magnético, um pequeno buraco em cima da jaula que foi perfurado apressadamente pela ponta curva da sua lendária espada negra. Seguidamente, ao atingir este buraco com sucesso, o Olhos de Falcão girou a sua espada negra velozmente e, com um movimento rodopiante bastante célere, desferiu um corte casual em 360 graus, cortando a gaiola pela metade na horizontal. A metade superior caiu para o lado esquerdo do esgrimista enquanto que a metade inferior apenas deixou de ser funcional quando as penas metálicas caíram abruptamente no chão, dando uma clara indicação de que a magia tinha sido anulada, para o descontentamento de Raven.

Todavia, esse descontentamento foi claramente provisório, porque a feiticeira já tinha outra magia muito poderosa em mente, contudo, para que aquele duelo não fosse alargado a um "vale tudo", ela decidiu voltar a utilizar o seu sabre negro de esgrima, desferindo mais uma de suas técnicas especiais que ela aprendeu e aprimorou durante os últimos 6 meses. 

— Freyia's Brisingamen!! 

Com as últimas forças que ainda restavam no momento das asas virtualmente despenadas, Raven usou as mesmas para obter um impulso descomunal para a frente, um dos maiores impulsos que ela já tinha recebido na sua vida com aquelas asas negras para a vanguarda, conseguindo atingir uma velocidade maior do que a velocidade que Mihawk tinha demonstrado até então naquela madrugada, uma velocidade tão surreal que conseguiu rachar violentamente o solo em que a feiticeira pisava com os seus saltos, além de arrancar algumas árvores pequenas e frágeis que estavam a uns 95 metros de distância dela, devido às grandes rajadas agressivas de vento que foram subitamente geradas quando a mulher-corvo deslocou-se em um piscar de olhos até ao corpo do esgrimista, que não estava muito longe do dela.