Capítulo 12: Até Breve

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Após essa pequena suspensão entre o duelo dos guerreiros, Raven caminhou na direção de Mihawk, só para voltar a pedir perdão pelo acontecimento indesejado e desnecessário, já que a feiticeira considerou-se culpada por esse imprevisto. Pensava que, se tivesse tomado as devidas precauções para impedir a entrada e o infiltramento das fadas naquela região taciturna, tudo aquilo poderia ter sido evitado e o duelo teria o seu fluxo natural e contínuo. 

Desculpe-me novamente por este imprevisto, senhor Mihawk. Foi algo tão frívolo, tão insignificante, tão evitável... Eu deveria ter antecipado e predito os movimentos dessas criaturas efémeras. 

Não há necessidade disso. Se você quer culpar alguém, culpe essas fadas tolas e intrometidas. Enfim, elas já estão longe do nosso campo de batalha, portanto vamos ignorar aquilo que aconteceu. Redirecionemos o nosso foco de volta ao duelo. 

Entendido, vamos voltar imediatamente. Espero que desta vez não venha mais nenhum ser do exterior para nos incomodar.

Assim sendo, estando ambos novamente livres para prosseguir com a batalha, Mihawk endireitou a sua postura e voltou à sua posição original, à sua posição ofensiva clássica, a Te Ura Gasumi no Kamae, só que com ténues diferenças. O ângulo da espada e a posição das mãos do espadachim eram sutilmente diferentes do ângulo e do posicionamento padrão das mãos na postura ofensiva original. Sendo assim, aquilo era uma imitação da postura ofensiva, muito utilizada na esgrima mais oriental. 

Isso acontecia pelo facto de Mihawk ter força física sobre-humana, e também por ter uma espada muito pesada e muito grande para ser usada meramente como uma espada mais curta e leve, como uma katana ou uma rapieira. Por esse motivo, apesar de ter ambas as mãos assentes no cabo da Yoru, a lâmina negra da mesma estava inclinada ligeiramente para baixo, numa linha mais diagonal, para que o espadachim não demorasse milissegundos a mais para se movimentar e defender algum golpe, ou, em outros casos mais específicos, atacar diretamente, de uma forma bruta, célere e minuciosa, se a feiticeira, naquele momento, tentasse o atacar em simultâneo.

Já do outro lado, Raven fez um "salute" com o seu sabre negro rapidamente. A saudação era uma expressão tradicional e obrigatória de cortesia e respeito que sempre era prestada no início e no final de uma aula de esgrima, assalto ou ataque. Naquele caso, Raven só estava a fazer a saudação com o único intuito de demonstrar mesura ao espadachim que estava a enfrentar, demonstrando ao Olhos de Falcão com clareza e evidência que ela própria tinha um grande respeito por ele e pelas suas habilidades. 

Foi uma saudação extremamente veloz. A feiticeira estendeu o braço e arma em direção ao espadachim, depois fletiu o cotovelo e movimentou o braço de volta para o corpo, de modo que o antebraço e a arma formassem uma linha vertical, estendeu seguidamente o braço e arma em direção ao adversário novamente, e, finalmente, em pouquíssimos milissegundos, Raven retornou o braço e o seu sabre negro finíssimo na vertical para o corpo.

Após a saudação, Raven entrou imediatamente na posição en garde, a posição básica e habitual que todos os esgrimistas tradicionais adotavam antes de um duelo começar ou recomeçar. Era uma posição defensiva que era usada para aguardar o momento certo para adotar outra posição mais ofensiva e atacar logo em seguida, ou simplesmente esperar o oponente avançar para depois pensar numa estratégia infalível para aparar o ataque ou desferir uma investida poderosa no momento certo.

E assim, após uns 30 segundos de preparo e também de troca mútua de olhares sérios e cortantes, Raven apreendeu que Mihawk não iria atacá-la naquele momento, afinal, quem deveria tomar a iniciativa era a feiticeira, já que era ela que estava sendo "testada" desde o começo daquele duelo, não era na reta final do mesmo que ela iria parar de ser analisada e testada pelo Olhos de Falcão.

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