Capítulo 17: O Fanfarrão e o Vinho

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Enquanto a pequena embarcação era empurrada pela ventania sibilante da madrugada até à ilha que queria alcançar, a feiticeira, após encaixar-se corretamente no canto direito da embarcação, deu uma resposta adequada e satisfatória ao espadachim e, a partir desse feedback, ela tinha, como intento, desenvolver um diálogo com o esgrimidor, até que a embarcação diminuta do próprio fosse aportada numa das praias da insula, que estava a menos de 1 quilómetro de distância da urna funerária flutuante, que mais parecia ser uma grande mescla entre um bote e um esquife, totalmente personalizados.

— Oh, não era exatamente pressa... Eu já estava voando há algum tempo, e quando vi aquela ilha, acelerei o batimento das asas. Quer o senhor acredite, quer não, apenas vim para conversar consigo. Anelise teria vindo, mas digamos que... Ela está incapacitada de o fazer no dado momento, devido a certas circunstâncias desfavoráveis. Não é assim tão fácil voar por tantos quilómetros sem ter uns momentos de repouso para recuperar as energias, isso eu devo admitir, por isso, você pode considerar que eu estou lassa, mas não a ponto de estar exausta. Faz quase 6 meses desde que não nos vemos... Então, se você quiser, podemos conversar simplesmente ou então fazer uma outra luta... Melhorei um pouco as minhas habilidades de esgrima. Aprendi algumas técnicas novas e as aperfeiçoei, acredito eu, para que possam ser mais interessantes e vantajosas para mim e para ti também numa batalha... E, pelo horário, devo conseguir resistir mais aos teus grandes ataques. 

O sorriso lustroso de Raven sumiu dos seus lábios preenchidos com o clássico batom preto logo após dar o retorno desejado ao duelista de olhos místicos que, até ao momento, estava a olhar fixamente para a frente, para certificar-se de que eles chegariam à tal ilha sem qualquer turbulência marítima no meio do caminho. Seguidamente, após o sorriso labial da feiticeira desvanecer completamente, os seus olhos cinzentos começaram curiosamente a brilhar, sendo até capazes de refletir a luz lunar delicadamente.

— Seu cansaço físico é certamente compreensível. O seu lar deve estar bem longe daqui. Hum... As tuas habilidades de esgrima melhoraram? Então você realmente seguiu as minhas palavras e tentou buscar um pouco mais de conhecimento... Interessante. Eu aceito uma nova luta, estou curioso sobre essa sua melhoria na arte da espada. Talvez assim esta madrugada não acabe sendo monótona como tende a ser usualmente. 

— Sim, fica longe, mas o vento está um pouco mais selvagem do que nos dias normais, e não estava muito a meu favor... Acredito que em breve teremos uma tempestade levemente rigorosa, mas nada preocupante... De qualquer forma posso estar errada.

Certo. Então... Vieste somente para conversar comigo? Interessante... Tiveste sorte de notar-me no meio destas águas então. Minha residência no momento está vazia, tendo somente os Humandrills como os protetores de todo o perímetro da floresta e do castelo. A Anelise está incapacitada no dado momento? O que aconteceu exatamente? É alguma enfermidade?

— Entendo... Era pra lá que eu estava indo, mas então eu vi o barco, e mudei de trajeto. Não sabia que era você de facto, mas tinha os meus palpites... Por fim, estes estavam corretos em relação à identidade do proprietário deste pequeno barco. Sobre Anelise... Pode-se dizer que ela falhou em se defender, e acabou gravemente machucada, então ela está de "reabilitação", se é que posso chamar assim.

Após proferir acerca do estado atual de saúde e de bem-estar da sua única filha, Raven cruzou os braços na frente do seu corpo, logo abaixo dos seios médios. Ela mantinha a cabeça reta e os olhos fixos no espadachim, apesar de que o próprio não tinha a mínima intenção de retrucar o olhar naquele preciso momento. Enquanto eles conversavam entre si, Raven também deu um pouco de atenção ao pequeno barco do esgrimista, sendo a primeira vez que o vê, e achou intrigante alguns dos detalhes do bote insólito e gótico. 

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