Capítulo 5: Tutora e Mãe

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Um dia inteiro depois, ilha Kuraigana.

Uma hora e 7 minutos da manhã, num clima arrepiante e soturno, repleto de neblina.

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No dia seguinte, a madrugada aparentava estar mais fria e escura do que a última. O clima estava mais sombrio, mais silencioso e mais enfadonho. Não havia grilos a estridular sistematicamente ao redor do castelo, nem corujas a chirriar, nem mochos a piar, nem morcegos a trissar e nem lobos a uivar. Parecia que a ilha inteira estava totalmente desabrigada, sem nenhum animal notório a dar vivacidade à zona taciturna. Contudo, apesar da monotonia excessiva no resto da ilha, no castelo era um pouco diferente. As velas brancas, usuárias de chamas alaranjadas, ainda produziam aquele clássico estalo sútil, e, nos aposentos da fortaleza, ainda havia aquele som específico de um líquido sendo colocado numa chávena através dum bule. Esse líquido era um maravilhoso e aromático chá de camomila, perfeito para aliviar o corpo após um dia árduo de treinamento, além de ser um belo substituto para o vinho tinto, um aperitivo que o Olhos de Falcão costumava beber praticamente todos os dias. 

Enquanto isso, no lado oeste da ilha, Anelise esperava, juntamente com a sua tutora, numa grande árvore morta, tortuosa e monocromática, exatamente numa das árvores mais próximas da costa oeste da ilha Kuraigana, um pouco longe da floresta densa que abrigava os mandris ferozes, que, durante aquela belíssima madrugada, estavam provavelmente a dormir ou a caçar algum animal que estivesse a perambular nas redondezas. 

Ambas estavam na forma de corvo, a aguardar o horário certo para avançarem. A mais nova possuía olhos violetas, já a mais velha, tinha olhos cinzentos, que não aparentavam ter vida ou gáudio algum. Ambas olhavam para leste, na direção onde se localizava o castelo particular do sujeito que iriam encontrar. 

Apesar de ambas não saberem especificamente o horário, dava para ter uma ideia através das constelações no céu estrelado, que era infelizmente ocultado pelo nevoeiro eterno que preenchia a ilha inteira. Por exemplo, o setentrião, também conhecido como Ursa Menor, era uma constelação do hemisfério celestial norte. Era considerada uma estrela horologial porque a sua posição sempre indicava a hora da noite. 

Portanto, tendo uma ideia do horário, os dois corvos, sem sequer pestanejarem, levantaram voo e foram para a direção indicada sem produzir nenhum tipo de som, com exceção do som das asas a bater, com o fim de empurrarem o ar para obter impulso. Ao longe, puderam avistar o grande castelo faustoso do anfitrião enigmático, junto das luzes quentes e convidativas das velas daquela esplêndida construção, cujas chamas poderiam ser vistas de longe. 

Entretanto, no interior do castelo moderno, Dracule Mihawk estava novamente com um jornal em mãos, enquanto a sua clássica chávena branca estava pousada na mesa grande e luxuosa que havia na frente das poltronas de tom encarnado. 

Parecia que a rotina não era muito diversificada, pois todas as noites o espadachim fazia exatamente a mesma coisa, fazia parte do seu quotidiano e ele já estava acostumado com a sua vida meramente repetitiva e entediante. 

As suas vestes casuais eram as mesmas que ele utilizou na noite anterior, só que aparentavam ter frequentado um percurso na lavandaria. Ele utilizava uma camisa exclusivamente branca, ligeiramente amarrotada, com o colarinho desdobrado e com as mangas arregaçadas até ao meio dos antebraços. A camisa não tinha botões e era parcialmente aberta, mostrando uma parte do peito e uma do abdômen extremamente definido do esgrimista. 

Por baixo, o espadachim possuía umas calças pretas largas, para condizer com os seus 1,98 cm de altura. As calças eram sustentadas por um cinto castanho aparentemente velho, com uma fivela amarela no centro.

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