Capítulo 11: Intromissão Indesejada

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Não havia tempo suficiente para esquivar ou simplesmente escapar do projétil esverdeado vertical que estava quase na frente do nariz fino e arrebitado da feiticeira. Sendo assim, ela decidiu que não deveria desviar ou, de certa forma, fugir do golpe. A única forma de dissipá-lo e de não permitir que esse ataque machucasse pra valer era utilizar as asas negras como escudo, para desfazer o golpe no meio do impacto. Apesar das asas negras de Raven não serem indestrutíveis, elas certamente seriam fortes e resistentes o suficiente para auxiliar a feiticeira em muitos casos, e neste caso, ela iria confiar na resistência delas.

Sendo assim, quando o corte verdejante atingiu a mulher, ela estava totalmente protegida pelas suas asas, que se inclinaram bastante para a frente, cobrindo todo o corpo da mulher, desde o coque em seus cabelos até à ponta das botas pretas. A rajada cortante de ar compactado foi o suficiente para a Raven pousar os seus pés agressivamente no solo, enquanto as suas asas negras faziam o trabalho todo para a proteger do golpe praticamente fatal.

Mihawk, que ainda estava no ar, praticamente flutuando, como se ele estivesse desafiando a gravidade por uns instantes, estava controlando a potência de todos os seus ataques, através de uma habilidade única que apenas espadachins do mais altíssimo nível detinham em seu arsenal. O Ritmo de Todas as Coisas permitia aos espadachins, ou neste caso, ao Olhos de Falcão, sentir perfeitamente o "ritmo" contínuo de todos os objetos e de todos os seres vivos à sua volta. Sabendo como o ritmo de um determinado objeto funcionava, Mihawk teria a capacidade de cindir esse objeto, se ele quisesse, da mesma forma que ele tinha a capacidade de não conseguir cindir o objeto. Com essa habilidade, tudo dependia da vontade do espadachim na hora de bifurcar um objeto ou um ser vivo. Ele poderia determinar minuciosamente o poder, a velocidade e o ângulo perfeito que iria decidir aonde o espadachim iria disparar um projétil através do fio da sua espada negra ou simplesmente desferir um corte básico. 

Através desse poder, tudo poderia ser cortado pelo espadachim, da mesma forma que nada poderia ser cortado. Esta era a habilidade de cortar o "vazio", uma habilidade raríssima que muitos espadachins do mundo queriam obter a todo custo. Saber controlar o poder de corte dos seus golpes ao ponto de rescindir somente aquilo que tens a intenção de rescindir, ou não causar muito dano a um determinado objeto ou ser vivo que poderia ser dizimado se o golpe não fosse regulado. Era a habilidade dos sonhos da maioria dos espadachins de nível baixo a nível médio. Era um poder singular que vinha de dentro do duelista, vinha diretamente do espírito analítico do guerreiro implacável que tinha o poder de decidir, através da sua espada negra amaldiçoada, aquilo que ele queria fender e aquilo que ele não queria fender. 

Ou seja, mesmo que aquele projétil cortante parecesse ser prejudicial, coisa que ele não deixava de ser, ele ainda não seria o suficiente para matar ou ferir gravemente a feiticeira. Mihawk tinha plena consciência do nível de poder que ele estava exercendo em cada golpe lançado, estava tudo sob controle. 

O mesmo poderia ser dito para a Raven naquela situação, relativamente a tudo estar sob controle. Ela tinha resistido ao golpe após uns 15 segundos do impacto, e, graças a isso, muitas penas negras, que foram rasgadas pelo projétil, caíram lentamente no chão. Todavia, ao observar essas penas caídas com uma maior atenção, elas não aparentavam ser penas de facto, assemelhavam-se mais a pequenas lâminas que simplesmente se soltaram de um suporte que as salvaguardava, o que significava que aquelas asas também poderiam ser usadas de uma forma ofensiva. Contudo, Raven não aparentava querer usá-las dessa forma, pelo menos não naquele momento. Ela preferia utilizar as asas como escudo ou como impulso para ir ou pra cima, ou pra baixo, ou pra frente, ou pra trás. 

Além do mais, algumas das penas negras que estavam presas nas asas emanavam uma aura peculiar, com uma cor meio cinzento sideral, que foi nitidamente notada e observada pelo espadachim, que estava caindo lentamente, passando dos 20 metros de altura para os 13 metros em uma questão de poucos segundos. O espadachim nem estava pensativo, ele estava somente concentrado no momento, e ele não precisava de utilizar os seus olhos de falcão para ver o futuro e descobrir o que a mulher iria fazer a seguir. Já estava claro o que ela iria fazer só pela intuição extraordinária do esgrimista.

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