Capítulo 1 Lortrah

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— Lortrah acorde está na hora do café.

Ao escutar a voz de sua mãe, com a luz do sol batendo fortemente no seu rosto, pequeno quase a cegando ao abrir os olhos.

— Lortrah venha comer agora. Seu pai a chama novamente, com uma voz roca e grossa.

Com suas roupas esfarrapadas no formato de um grande vestido cinza indo até o joelho, se levanta da cama acordando gradualmente e recobrando os sentidos, acabara de completar quinze anos e já tinha que acordar cedo, lembrou que hoje era dia de ajudar seu pai na colheita para o rei da região, a safra desse ano deve ser vislumbram-te, com a total dedicação que as outras famílias colocaram.

Com essa ideia em mente acaba dando um sorriso indo em direção a pequena mesa de madeira com três cadeiras ao redor dela em formato circular.

— Lortrah, você é a primeira garota que ao acordar tão cedo acaba sorrindo. Seu pai a indaga ao conferir a reação um tanto diferente da sua filha para sua idade.

— A pai hoje é o dia que vamos ter nossa colheita e não teremos mais essa cobrança toda vindo do vosso amo daqui, ao menos teremos paz e poderemos cuidar das nossas próprias preocupações. Após escutar a explicação da filha, acaba dando um suspiro de alívio, e volta a comer seu pão com um ensopado de carne. Sua mãe se senta logo depois da filha e passam alguns minutos comendo em silêncio.

Enquanto seguia em direção ao seu quarto após comer, seu pai a pedira para se trocar para irem à colheita terminar o serviço. Enquanto passa na sua cabeça o que deveria fazer para ajudar, já que é sua primeira vez fazendo essa forma de trabalho braçal, tudo que lhe foi ensinado era apenas como ser uma dama e ser uma devida mulher ao seu marido, desde que teve seu primeiro sangramento os ensinamentos que sua mãe lhe deu foram mudando gradualmente até o fatídico dia da visita do filho do lorde, enquanto se olhava no espelho observava as marcas e cicatrizes que ficaram do chicote nas suas costas, busto e nádegas. Um corpo magro com cintura fina, atraente a vista dos homens da vila e da cidade, até mesmo do interesso do filho do lorde, ela agradece que fortemente ao pai de todos por ter lhe salvado naquele dia e não ter sofrido algo pior, enquanto seguia vestindo sua roupa, colocando seu colar preferido dado por um cavaleiro quando tinha quatro anos, um pequeno colar de couro, com uma pedra transparente no meio dele, ao redor da pedra, contém couro fazendo uma pequena rede circular evitando que o objeto caia. Ao se vestir se encontra com seu pai na porta de casa e vão em direção da colheita.

 Seguindo o caminho de terra e barro, com um leve aroma de terra molhada, o caminho em total silêncio, enquanto observava as costas largas do seu pai notava a nítida diferença entre os dois, mesmo enquanto ele carregava uma enxada nas costas com uma pequena bolsa, ele não demonstrava gastar nenhum esforço.

Durante o caminho notava-se a falta de árvores pela estrada, tudo que se vê é apenas um grande campo arado para próxima safra, com alguns pequenos trigos já nascendo em alguns locais, enquanto se segue o caminho a quantidade de trigo vai crescendo e crescendo exponencialmente de forma que se impossibilita ver as coisas que podem sair e aparecer ao seu lado durante a estrada. O medo de que algo pode sair da plantação e atacá-los durante o caminho a possui, apertando os passos até ficar nas costas do seu pai.

— Lortrah, não tenha medo, eu estou aqui contigo e nada vai lhe acontecer enquanto eu estiver aqui.

Seu pai lhe fala com um tom calmo e suave, sua inquietação e medo lentamente vai diminuindo, quanto mais perto vão chegando da vila um forte odor de fezes de animais começa a vir, com gritos e vozes de crianças brincando, logo a sua frente um arco feito de pedra não muito mais que 5 metros de altura, esculpido a mão com alguns símbolos incrustado que não conseguia ler ou saber o que significava, sempre se perguntava o que aquilo era e, porque estava ali, enquanto passava pelo arco uma placa logo atrás deles BEM VINDOS A GRIGH saudava aqueles que passava por ele.

— Filha!!!! Em um tom forte e ríspido, seu pai a chama atenção, lhe assustando por alguns segundos.

— Preciso que você me espere aqui, não saia daqui até eu voltar, você me entende?

Com um simples movimento na cabeça, ela confirma e vai em direção a pequena placa de madeira de pouco mais de um metro e espera seu pai, enquanto o observava seguir a rua e virando à direita.

Enquanto o tempo passava e observava a vila, notava-se que as pessoas continham expressão bem triste no rosto, as crianças continuavam a brincar e correr, galinhas e cachorros passavam sempre por ela, algumas vacas e porcos acabavam passando, sempre seguidos por alguém guiando os animais, alguns deles a cumprimentavam outras apenas a ignoravam.

Enquanto esperava o seu pai, ela escuta um barulho de um corvo que estava em cima do arco de pedra, um pequeno corvo preto a observa fixamente, um leve desconforto e um calafrio lhe sobe a espinha um sentimento ruim vem a sua mente, uma forma de mau presságio, tudo que vem a sua cabeça é se algo aconteceu ao seu pai, o corvo parte e gritos vindo da proximidade, de todas as direções acabam escutando gritos, de dor e agonia, barulhos de ossos sendo quebrados, de carne sendo rasgada, corpos no chão aparecem a todo momento, esmagados, esquartejados, e uma cruz inversa feita de corpos de crianças lhe aparece, em um piscar de olhos o que era uma cidade pacifica virou um inferno. Desespero começou a lhe tomar o corpo, sem conseguir se mexer mais, urina começa a escorrer das suas pernas, sua força começa a ceder, sua perna não te sustenta mais, caindo na sua própria poça de urina, fechando os olhos de medo.

-Não, Não, Não, não isso não está acontecendo, é mentira, é mentira, tudo isso é mentira, não, não, NÃOOOOOO........ Enquanto repete essas palavras, sente um toque no seu ombro, ao abrir os olhos, seu pai a observa vendo sua filha trêmula sentada na sua própria urina, com seus olhos inchados de tanto chorar, sem nenhuma força no corpo para sequer falar.

— P. PA... PA....''SOLUÇA''... E—Eu vi...... ''Soluça'' mor, mort, mortos..., com o mínimo esforço seu pai a coloca em seus braços, e a leva de volta para casa, seguindo todo o percurso falando a mesma frase.

— Vai ficar tudo bem, seu pai está aqui com você, seu pai está aqui com você.

A Estrada do LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora