Capítulo 14

4.9K 394 81
                                    

Paulo.

Ficar na sala de espera de um hospital duas vezes no mesmo mês é péssimo, pelo menos dessa vez era por uma boa razão: Bianca entrara em trabalho de parto cerca de uma hora e meia atrás. Pablo estava deixando que ela ficasse em seu apartamento para quando acontecesse nós pudéssemos auxiliar de modo que foi o primeiro a chegar na maternidade, ele entrou com ela na sala de operação e eu fiquei na recepção com Marina, que por sinal era péssima companhia de tão calma. Mas eu não podia reclamar, ela não precisava estar ali, mas quis vir comigo apesar de tudo pelo que estava passando nos últimos dias.

- Ficar andando de um lado para o outro não vai fazer o bebê nascer mais rápido P. - ela falava sem olhar para mim, concentrada brincando de pegar o dedo com um garotinho que também estava esperando um familiar. Parecia uma criança.

Sento ao lado dela no banco para conseguir falar sem que o garoto escutasse.

- Faltam quase seis meses até o casamento, ela vai morar com o Pablo até lá e depois ele vai passar o apartamento para o nome dela, mas no nosso apartamento vai ter um quarto para o menino.

Ao ouvir a última parte ela sorriu.

- Está com ciúmes? Não me parece que há motivos para tal, Pablo quase não fica em casa e eu vou estar lá sempre que puder para ajudar na recuperação dela e você também.

Suspiro pesadamente, ela fazia as coisas parecem melhor do eram.

- E se ela tirar proveito? E se jogar pra cima dele?

Ela me lançou um olhar incrédulo, a brincadeira com o garoto esquecida.

- Não começa com isso, ok? Você decidiu manter o relacionamento, ficar desconfiado pode colocar tudo a perder. Temos que confiar nele. Você não disse que ela era legal e parcialmente de confiança?

Era a minha vez de encara-la com incredulidade:

- Sei lá, Marina. Ninguém passa por algo assim e volta com a confiança 100%. Além do mais, não posso estar tão paranoico assim: ela parece ser confiável, mas ficou grávida na primeira e única de acordo com eles, não confio em uma mulher que fica grávida de um gay com uma transa.

- Paulo, isso foi escroto. Paranóia não justifica essa fala imbecil. - ela me repreendeu com as sobrancelhas franzidas. - Também não ignore que ele pode ser bissexual, ok? Que inferno, nem é comigo que você deve conversar sobre isso.

Percebi tarde demais que estávamos falando alto e o garotinho agora me encarava de boca aberta, bem como outras pessoas que estavam no corredor, Marina empurra a testa dele com os dedos.

- Fica na sua, isso não é conversa para criança.

Ergo as sobrancelhas pra ela como quem diz "você é tão sensível" e recebo um dar de ombros em resposta.

- Enfim, isso tudo é complicado, mas se o relacionamento vai continuar a melhor coisa a se fazer é ficar na casa dele por um tempo, o suficiente para conhecer a garota e também para ela se acostumar com você, não precisam ser amigos, mas precisam de respeito e confiança para criar uma criança.

Eu abri a boca para responder mas as portas para a ala restrita se abriram e Pablo saiu de lá com o maior sorriso que já vi na vida e que o deixava mais bonito que o normal, automaticamente senti minha preocupação se desfazer só de ver aquele sorriso. Ele me abraça e depois abraça Marina.

- Ele é tão lindo! Vocês vão poder vê-lo daqui a pouco, precisam limpar e fazer sei la o que, Bianca também vai ser tratada e vão leva-la para um quarto na ala neonatal e ai só um de cada vez pode entrar.

Marina e eu só podíamos sorrir, era isso, o pequeno Miguel chegara em nossas vidas.

- Amor, posso falar com você um minuto? - Pablo me chama.

Marina ao entender a deixa disse:

- Vou lá no carro pegar a bolsa com as roupas do neném.

Pablo me leva de volta aos bancos e se senta ao meu lado.

- Então... - começa sem jeito.

- Então...?

Ele desvia o olhar por uns instantes e quando volta os olhos para mim penso nunca te-lo visto tão sério, e seus olhos tão profundos. Ele segura as minhas mãos:

- Sei que é difícil para você lidar com essa situação, mas quero que ame o Miguel como se fosse seu próprio filho, nosso plano original..

- Mas..

- Deixa eu terminar! - ele finge estar bravo, mas logo sorri - Quero que se sinta a vontade com ele e com a Bianca também, então nós decidimos registra-lo com o seu sobrenome também.
O quê????

Um misto de emoções me preencheram ao mesmo tempo antes de tudo ficar claro, surpresa, confusão, choque e por fim, felicidade. Ele queria me incluir, não ia existir uma espécie de ligação estranha entre ele e Bianca por serem pais legítimos do Miguel, mas nós quatro seríamos uma família. Me senti um idiota por tudo que falei e pensei enquanto Bianca e Pablo pensavam em me incluir o tempo inteiro.

- Ai meu deus, é claro! - digo dando um abraço que o pegou de surpresa mas logo o retribuiu.

- Certooo, assim que eles saírem do hospital vamos juntos ao cartório, Miguel Amorim de Souza Aguiar.

- Melhor nome de todos. - digo antes de beija-lo.

O capítulo foi curtinho mas consegui passar exatamente a essência do que tinha imaginado para ele, lamento dizer que temos mais dois capítulos ou três antes do Epílogo que vai encerrar a história :/. Marina tem uma decisão importante a fazer, certo? Quem vocês querem: Luciana ou Thalia? Hahaha
Vou tentar não demorar muito para atualizar mas não posso prometer nada que a história está no fim. Se gostaram cliquem na estrelinha e deixe seu comentário com sua opinião sobre quem Marina deve escolher, beijos no coração!

Sem medo de amar (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora