Capítulo 15

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Marina.

Demorei 19 anos para entender a frase " tempos de desespero, medidas desesperadas ", mas agora, parada em frente ao portão da casa da Fernanda eu consigo entender a frase porque definitivamente estou desesperada.

- Você está me ligando porque descobriu que não pode viver sem a minha brilhante pessoa? - uma voz carregada com a ironia de sempre atende.

Reviro os olhos.

- Oh, você não tem tanta sorte assim, estou ligando para você abrir esse portão da sua casa.

Um momento de silêncio indicou que ela ficou chocada.

- Agora estou surpresa de verdade, vou.

Logo ela aparece na porta usando roupa de dormir que eu nem sabia que ela ainda tinha.

- Ainda usa essa blusa horrenda do time de handebol? - tento evitar o sarcasmo na frase mas ela percebe.

- Sabe que esse é o melhor esporte - responde séria.

Reviro os olhos mentalmente para o assunto, handebol não era tão legal assim.

- Entre e fique a vontade, estou me coçando para saber o motivo da sua visita. - ela ergue as sobrancelhas sugestivamente - Mas não muito.

- Com certeza não vim fazer o que você está pensando, onde esta sua mãe?

Ela vai na cozinha pegar um café e responde de lá:

- Plantão das enfermeiras.
Melhor assim, penso. Ela não deveria gostar mais de mim hoje do que gostava antes.

- Vamo lá, desembucha - Fernanda fala sentado ao meu lado no sofá.

Respiro fundo, o que eu estava fazendo ali mesmo?

- Que papo é esse? É obvio que vim só porque senti saudades..

Ela me olha séria, mas logo joga o cabelo para trás e fala:

- Eu sei que causo esse efeito nas pessoas, mas você é uma exceção.

- Quando foi que você aprendeu a conversar com as pessoas? - falo enrolando. Eu não esperava o ar de maturidade tomou conta do seu rosto, séria e eu poderia dizer que seu olhar estava distante... CÉUS!

- As pessoas mudam, Marina - seu tom de voz era ressentido.

Imediatamente me senti mal, as vezes eu precisava que um alarme soasse na minha cabeça para me lembrar que a Fernanda era uma pessoa e que por mais que não fosse comprovado ela possuía sentimentos.

- Me desculpe, realmente você está mudada. Gostaria de saber o que a levou a mudar.

Ela abriu a boca como que prestes a dizer seja lá o que tenha acontecido mas logo o brilho malicioso voltou ao seu rosto:

- Então, realmente somos amigas agora?

Enceno descrença:

- Não exagera.

Ela suspira mas vejo um sorriso se formar em seus lábios, não existia nada que nos impedia de ser amigas agora que ela era gente.

- Você ainda não disse a que veio. - ela fala de repente, me tirando do devaneio.

Sem medo de amar (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora