Marina.
Demorei 19 anos para entender a frase " tempos de desespero, medidas desesperadas ", mas agora, parada em frente ao portão da casa da Fernanda eu consigo entender a frase porque definitivamente estou desesperada.
- Você está me ligando porque descobriu que não pode viver sem a minha brilhante pessoa? - uma voz carregada com a ironia de sempre atende.
Reviro os olhos.
- Oh, você não tem tanta sorte assim, estou ligando para você abrir esse portão da sua casa.
Um momento de silêncio indicou que ela ficou chocada.
- Agora estou surpresa de verdade, já vou.
Logo ela aparece na porta usando roupa de dormir que eu nem sabia que ela ainda tinha.
- Ainda usa essa blusa horrenda do time de handebol? - tento evitar o sarcasmo na frase mas ela percebe.
- Sabe que esse é o melhor esporte - responde séria.
Reviro os olhos mentalmente para o assunto, handebol não era tão legal assim.
- Entre e fique a vontade, estou me coçando para saber o motivo da sua visita. - ela ergue as sobrancelhas sugestivamente - Mas não muito.
- Com certeza não vim fazer o que você está pensando, onde esta sua mãe?
Ela vai na cozinha pegar um café e responde de lá:
- Plantão das enfermeiras.
Melhor assim, penso. Ela não deveria gostar mais de mim hoje do que gostava antes.- Vamo lá, desembucha - Fernanda fala sentado ao meu lado no sofá.
Respiro fundo, o que eu estava fazendo ali mesmo?
- Que papo é esse? É obvio que vim só porque senti saudades..
Ela me olha séria, mas logo joga o cabelo para trás e fala:
- Eu sei que causo esse efeito nas pessoas, mas você é uma exceção.
- Quando foi que você aprendeu a conversar com as pessoas? - falo enrolando. Eu não esperava o ar de maturidade tomou conta do seu rosto, séria e eu poderia dizer que seu olhar estava distante... CÉUS!
- As pessoas mudam, Marina - seu tom de voz era ressentido.
Imediatamente me senti mal, as vezes eu precisava que um alarme soasse na minha cabeça para me lembrar que a Fernanda era uma pessoa e que por mais que não fosse comprovado ela possuía sentimentos.
- Me desculpe, realmente você está mudada. Gostaria de saber o que a levou a mudar.
Ela abriu a boca como que prestes a dizer seja lá o que tenha acontecido mas logo o brilho malicioso voltou ao seu rosto:
- Então, realmente somos amigas agora?
Enceno descrença:
- Não exagera.
Ela suspira mas vejo um sorriso se formar em seus lábios, não existia nada que nos impedia de ser amigas agora que ela era gente.
- Você ainda não disse a que veio. - ela fala de repente, me tirando do devaneio.
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Sem medo de amar (Romance Lésbico)
RomantikSequência de Amando você: Marina e Luciana parecem ter se entendido, as duas agora estão decidindo o que sentem uma pela outra. Mas a vida é implacável e não pega leve, a relação delas já está forte o suficiente para aguentar segredos e concorrência...