Capítulo 12

4.8K 386 34
                                    

Thalia.

Eu ficara tão constrangida ao conhecer a mãe da Marina, não por ser mãe dela mas por ser a mulher que eu idolatrava, sou uma super fã e falar com ela informalmente seria um sonho.

Mas agora ela e Marina estão atrasadas, será que causei algum desentendimento entre elas?

Um aluno chega correndo na sala e vem direto onde estou.

- Oi Marcos. - falo calorosamente.

- Thalia. - sua voz está fraca e fica claro que ele andou correndo, mas o que chama a minha atenção é que ele está segurando a bolsa dela.

- O que você está fazendo com a bolsa da Marina?

- Eu vim te entregar, ela e a mãe sofreram um acidente e ela deixou cair a bolsa, pensei em te entregar.

Mas meu cérebro tinha parado de funcionar quando ele disse acidente, como assim acidente? Elas estavam bem, eu vi com meus próprios olhos.

Eu pego a bolsa da mão dele e corro para o estacionamento, desde que Marina pegara a minha vaga eu reservara outra em um estacionamento mais distante e corri pra lá o mais rápido que pude, minhas mãos tremendo para engatar a chave na ignição.

Quando finalmente consigo eu saio do estacionamento da faculdade e só então me dou conta que não sabia em que hospital elas estavam. Talvez o Dr.House estivesse certo quando disse que o cérebro das pessoas param de funcionar quando alguém que elas gostam está em perigo.

Eu sabia que tinha dois hospitais próximos e um deles era uma maternidade, então fui para o outro.

- Em que posso ajudar? - a recepcionista fala de forma educada e atenciosa.

Respiro fundo para tentar encontrar minha voz:

- Uma menina chamada Marina López foi registrada hoje? - consigo falar.

Ela procura na lista e afirma com a cabeça:

- Ela está na ala ortopédica, um braço quebrado. - ela me dá um sorriso amável.
Bom, um braço quebrado não é nada.

Ela me informa onde é a ala ortopédica e eu vou pelas escadas não conseguindo lidar com elevador lotado no momento.

A ala ortopédica tinha muitas enfermeiras e a maioria parecia sem muita coisa para fazer.

- Bom dia, está visitando? - um enfermeiro com olhos âmbar me encarava do balcão.

- S-sim, o nome é Marina López.

Ele olha na lista um pouco e enruga a testa:

- Ela deve estar grogue com os remédios, ela conseguiu fraturar o osso e isso precisa de um remendo mais forte do que um gesso. - tenho vontade de falar que ela não fizera aquilo intencionalmente, mas não estava a fim de ser expulsa do hospital.

- Mas ela está no quarto 25, alguém deve estar engessando seu braço.

Agradeço aquele enfermeiro arrogante e vou para o quarto, realmente tinha uma médica lá com Marina, esta tentava falar alguma coisa mas não estava sendo muito coerente.

- Se você não ficar quieta isso aqui não vai funcionar. - a doutora brigou com ela.

Ela diz alguma coisa que pareceu " deeeeixaa " exageradamente grande.

- Posso entrar? - pergunto da porta.

A doutora de olhar duro se vira para mim:

- Se puder faze-la se acalmar, entre.

Marina parou de se mexer quando me viu, ela parecia no limite da consciência, tinha um curativo no pescoço e ainda usava as roupas que estava na faculdade. Seu braço estava inchado e doutora parecia dar pontos em seu cotovelo que estava virado em um ângulo que devia ser impossível.

- Achei que vocês não davam pontos em pacientes acordados - falo acusatoriamente, aquilo deveria estar doendo.

- Não damos, mas ela está resistindo ao sedativo, muita adrenalina, acho até que a dor deve ajudar a mante-la acordada.

Faço uma careta mas sento do outro lado da cama e pego a sua mão boa.

- Assim que ela dormir vou engessar, o gesso não vai secar se depender dela. É uma lutadora.

Sim, ela é.

- Você sabe alguma coisa sobre a mãe dela? - pergunto muito arrependida por ter esquecido.

- Só sei que ela já está em cirurgia - ela me encara por uns instante tentando decidir o quanto deve falar.

- O estado é grave? - pergunto sem quase ouvir a minha voz.

Ela concorda com a cabeça e depois me pede para sair e chamar um enfermeiro para ajuda-la.

Imaginando que ninguém tinha sido avisado e procuro na bolsa da Marina o celular dela, eu não sabia a senha então teria que tirar o chip. Primeiro liguei para o pai dela.

- Filha? - ele atendeu no primeiro toque - Aconteceu alguma coisa?

Explico para ele o que sabia sobre o ocorrido e estado das duas.

- Oh, Deus, espere um minuto - posso ouvi-lo correr e falar para alguém tomar o lugar dele na cirurgia, ele atendeu o telefone durante a cirurgia? - Em qual hospital estão?

Falo para ele e desligou a chamada, depois ligo para a irmã da Marina.

- Você ligou para a irmã maravilhosa, em que posso ajudar? - eu podia ouvir o sorriso em sua voz e odiei ter que contar para ela.

- Desculpe Luana, aqui é a Thalia..

Ela escuta tudo em choque silencioso e diz apenas "estou indo" quando eu falo em que hospital estamos.

Ligar para Paulo foi o mais difícil e ele disse que contaria aos outros.

Sento no chão fora do quarto que Marina estava e tento entender o que aconteceu, eles estavam bem e de repente vem um idiota e as coloca nesse estado? Por que?

Massageio as têmporas tentando me acalmar e afastar a dor de cabeça que já ameaçava começar. E essa semana eu estava com ciúme idiota da menina misteriosa que partiu o coração da Marina, praticamente evitei ela alguns dias com medo que ela dissesse que vai voltar com a garota, mesmo sem que ela diga eu já sabia que tinha algo errado e imediatamente me lembrei da música "please don't say you love me"

Ela fazia algo comigo, algo forte, mas seria amor? Em tão pouco tempo? O coração é uma loucura mesmo.

- Thalia? - uma voz forte e masculina me chama e eu levanto os olhos para encontrar os mesmos olhos que ganharam meu coração, o pai da Mar era idêntico a ela.

- Sou eu. - me levanto e ele me surpreende ao me puxar para um abraço apertado.

- Onde ela está? - pergunta um tanto aflito.

- A médica ainda está lá, e ela está dopada.

Ele se senta ao meu lado.

- O senhor já foi à UTI?

- Sim, mas ainda não tem notícias.

Ficamos ali em silêncio, compartilhando apreensão. Paulo chega com Luana e um médico algum tempo depois.

- Eu encontrei esse médico la na recepção procurando os parentes da mãe. - disse Luana, a voz falhando.

O senhor López puxou a filha para um abraço enquanto o médico falava:

- A cirurgia acabou.

Sem medo de amar (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora