Capítulo 13

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Paulo.

Marina já dormia à duas horas, convenci seu pai a sair para resolver os detalhes para o funeral e o Pablo tinha ido com eles, ninguém devia passar por isso sozinho. Thalia estava no corredor com Luana e eu estava com Marina no quarto, ela ressonava suavemente e seu braço descansava elevado sobre um travesseiro, o gesso totalmente seco. Talvez seu inconsciente soubesse do que estava por vir e por isso ela continuava dormindo, não era surpresa para ninguém que ela não sabia lidar com perdas. Não tinha lágrimas ou desespero, era só um silêncio denso e incômodo. A porta do quarto se abre abruptamente quando Gisele e Elena chegam apressadas.

- Shhh - ergo as sombrancelhas para que elas façam silêncio.

- Desculpe, ela ainda não acordou? - Gisele pergunta a preocupação estampada em seu rosto. Balanço a cabeça negativamente para ela.

- Só um de vocês pode ficar no quarto por vez. - fala um enfermeiro intrometido que aparece na porta como que por magia.

- Isso aqui não é particular? - Elena diz num tom autoritário que é demais pra ela.

O enfermeiro estreita os olhos para ela e balança a cabeça e fala como se ela fosse uma criança irritante.

- É particular, mas a paciente está dormindo.

As meninas reviram os olhos para ele, mas saem do quarto sem prolongar a discussão.

Um movimento na cama chama a minha atenção.

- Afe, Elena já ta pegando a mania da Gi de gritar. - Marina diz com a voz de sono.

Fico de pé com um salto e já estou perto da cama.

- Que bom que acordou. - o alívio é nítido em minha voz.

Ela esboça o menor dos sorrisos e tenta se sentar, fazendo uma careta ao notar o gesso. 

- Vamos personalizar? - pergunto para evitar que ela perguntasse da mãe o que não da certo. Eu realmente preferia que um médico aparecesse, não gostaria de ser o portador de notícias tão ruins.

- Paulo, a minha mãe já saiu da cirurgia? - ela pergunta séria.

Olho para o chão, para a cortina da janela antes de olhar para ela de novo, e quando nossos olhares se encontram minhas defesas desarmam, é a minha melhor amiga e sua dor é a minha dor.

- Marina, o apêndice estava comprometido, mas os médicos não notaram a tempo. - faço uma pausa e seus olhos parecem implorar para que eu esteja enganado, que na verdade a mãe dela esteja bem e isso só faz com que eu me sinta pior - Eles notaram os sangramento tarde demais... Estavam concentrados nos ferimentos externos...

Ela fecha os olhos e aperta os lábios com força, um tremor percorre seu corpo antes que ela os abra de novo. Ela levanta um pouco desajeitada e tira os sensores do monitor que estão em seu braço.

Em dois segundos dois enfermeiros aparecem na porta.

- A senhora precisa esperar um médico te liberar. - eles falam enquanto tentam coloca-la na cama novamente e ligar o sensores.

- É só um braço quebrado, estou ótima. - ela fala e sua voz soa tão normal que eu sinto os pelos da minha nuca se arrepiarem, realmente seria difícil.

- Mar, você não pode sair assim. - faço um sinal para o enfeiro pedindo para ele chamar um médico e o outro continua tentando joga-la na cama.

Marina só suspira admitir a derrota, uma senhora usando um jaleco branco entra na sala momentos depois.

- Ora, vejam só se não é a lutadora. - ela sorri mas a alegria não chega à seus olhos.

Sem medo de amar (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora