Capítulo 16

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Simmmmm está acabando! Aimeudeus, não acredito nisso, é tão triste mas para mim também é emocionante! Haha. O próximo vai ser último e o epílogo depois e então um com algumas curiosidades e os agradecimentos. Espero que gostem, beijos no coração.
Obs: o capítulo vai ser curto porque reservei o melhor para o próximo

Marina.

- Quem é? - veio a voz mal humorada de Thalia pelo interfone.

- Advinha? - digo sorrindo.

O interfone fica mudo por algum tempo até ela dizer:

- Pode subir, 3° andar apartamento 51 - e o portão abrir com uns cliques altos. É para coisas assim que prédios tem porteiros...

Subo pelas escadas para aproveitar o tempo sozinha, tentando entender o porquê de Thalia ter falado de forma estranha.

Bato em sua porta e ela vem abrir minutos depois, é impossível não sorrir para o jeito como está vestida, tão confortável. Com calça de moletom e uma camiseta branca, o cabelo preso com uma caneta.

-N ão esperava te ver. - ela disse ao abrir caminho para eu passar.

Lá estava o tom de voz estranho de novo, quase apreensivo.

- por que eu não viria? - pergunto gentilmente, talvez ela só esteja mal humorada.

- eu só... - ela suspira para se acalmar e então pergunta - você está bem? Tô surpresa por ainda não ter tirado o gesso com uma faca de pão.

Percebi que ela não me olhava nos olhos, agora mesmo olhava para algum ponto acima da minha cabeça.

- Você está bem? - devolvo a pergunta pronunciando as palavras devagar ignorando sua piada. Que diabos estava errado com ela?

Ela suspira de novo e sem me olhar nos olhos pergunta:

- Você veio me dar um fora?- não sei o que me chocou mais, a pergunta ou sua voz carregada de indiferença forçada. - Não acho que seja necessário, sabe. É o século 21, afinal.

Tive até que piscar para cair a ficha de que eu tinha escutado direito e então comecei a rir. Ela continuava olhando para o ponto acima da minha cabeça. Balanço a cabeça algumas vezes tentando parar de rir e foco o olhar em seu rosto.

- Eu tenho um histórico de idiotice. Mas nem eu poderia ser idiota o suficiente para fazer isso. - tento falar casualmente, mas as palavras não poderiam ser mais sinceras.

- O que? - ela agora me olhava nos olhos com uma calma que só estava em sua voz, sua linguagem corporal e sua expressão e até seus olhos diziam que ela não estava nada calma.

Sinto as minhas últimas defesas baixarem para aquela mulher a minha frente. Uma mulher que exigia que eu fosse corajosa para ir atrás dela. Coragem para admitir meus sentimentos. Me escuto falando exatamente o que parece estar em meu coração, mesmo que com alguma dificuldade. Olhei para longe, para a janela e a rua lá em baixo:

- Eu me privei de sentir... me fechei para as outras pessoas, por medo. O amor sempre me assustou, se entregar a outra pessoa sem saber o que ela pode fazer com você é assustador. - levantei o olhar para encontrar o seu e as palavras pareceram sair com maior facilidade - Eu sempre pensei que era instantâneo e por isso sempre me joguei de cabeça, dizia para mim que estava fugindo, mas não estava fugindo coisa nenhuma. Na verdade, eu meio que corria atrás desse sentimento desesperadamente e nunca o alcancei realmente. Sentir era sempre unilateral. Mas veio até mim e trouxe algo junto. Possibilidades. Opções. Eu não me sinto mais desesperada e só vim até aqui para dizer que com você dá vontade de descobrir como é isso, como deixar as coisas rolarem. 

Ela leva a mão a boca, emocionada. Nos meses em que nos conhecemos eu pensei que nunca fosse ver essa mulher num estado tão frágil.

- Eu tive medo, Marina. Mesmo eu sendo o melhor partido que você já encontrou ou vai encontrar na vida. - ela disse de sua forma convencida habitual me fazendo sorrir - Eu só... sei lá, quis cuidar de você, sabe? Foi despretensioso, eu juro. Inclusive, eu o continuaria fazendo caso a sua resposta fosse não. - ela suspirou - Hoje, quando recebi a sua mensagem achei que não tinha tantas chances... Eu já fiz papel de tola antes, também tenho medo... Pensei até que estivesse tomando cuidado para não me envolver demais, mas agora, perto de você... meu coração pode parar de pular com você me olhando assim.

Dei dois passos em direção a ela que por sua vez também deu um. Eu só podia sorrir, um sorriso que parecia se alargar a cada palavra dela e eu podia ver em seu rosto a mesmo sentimento, o fio de emoção que parecia nos conectar através do olhar, não era luxúria mas sim algo terno e quente. Algo a mais.

Nossos olhares se encontrarem foi o que precisou para vencermos a distância entre nós e selar nossos lábios, no início só ficamos ali, abraçadas e com os lábios colados num selinho longo e então ela se afastou para sorrir rapidamente antes de selar sua boca na minha com necessidade. Um beijo cheio de promessas, carinho, intenso... sua língua passeando por minha boca e depois pelo interior do meu lábio inferior tão devagar que me fazia puxa-la para mais perto até nossos corpos estarem tão próximos a ponto de confundirmos nossos batimentos cardíacos e as pausas para respirar que eram acompanhadas de sorrisos doces, sua mão em minha cintura e meu braço bom em volta do seu pescoço, toques que dizem que nos pertencemos.

Ela se afasta e cola a testa na minha, um sorriso malandro nos lábios.

- Então, - começa casualmente - você é minha agora?

Acho graça do seu jeito de falar, como se estivesse perguntando se eu preferia sorvete de chocolate ou baunilha.

- Por tempo indeterminado. - respondo no mesmo tom.

- Hmm - ela me olha nos olhos, maliciosa - Então é bom usarmos esse tempo com sabedoria, não é? - ela nem me dá tempo de responder e me joga no sofá para então me atacar com cócegas.

- Isso é o preço por ter deixado preocupada, - ela dizia sorrindo.

- Eu... - começo a dizer enquanto tento respirar em meio as risadas - me rendo.

Ela faz bico:

- Muito fácil.

- Essa... essa é a sua ideia de aproveitar o tempo? - consigo dizer quando controlo minha respiração.

- Não. - ela diz com a voz baixa, os olhos brilhando maliciosamente e me beijou. Um beijo demorado e profundo. Descobrindo com cada movimento a forma que a outra gostava de ser beijada. Aprendendo.

- Uau. - ofego. - Sua boca é tão... uau.

Thalia riu. As bochechas ficando rosadas. 

- Uau para você também. 

Passo um dedo pelo seu rosto, um tanto sem jeito ainda, tentando me habituar à estar em sua presença de uma forma tão íntima. Há quanto tempo eu não sentia isso? O sentimento de vergonha e excitação por querer estar perto de alguém, aquele sentimento de inicio de namoro onde você fica sempre sem jeito de começar um beijo ou uma carícia. Aquela tensão entre duas pessoas que se desejam e estão se conhecendo. Ela gostava de carinho na mão? Ou no cabelo? Seu cabelo é tão bonito. Ela gostava de falar entre beijos? Comecei a sentir um formigamento nas mãos por querer descobrir a resposta para todas essas perguntas e muitas outras. 

Thalia balançou a cabeça de modo que sua bochecha agora estava apoiada em minha mãe e foi a minha vez de corar. Era como se ela lesse minha mente.

- Temos tempo, querida. - sussurrou.

- Todo o tempo? - sussurro de volta.

- Não se pode apressar a perfeição. - gosto de sua resposta, soa como uma promessa secreta.

Entrelaçamos nossos dedos e ficamos ali, olhando uma para a outra com sorrisos idiotas no rosto.

Sem medo de amar (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora