O acordo

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A forte luz solar de Almenia agora havia se tornado escuridão noturna, acompanhada de uma brisa suave demais para ser notada enquanto pequenas gotas de uma garoa amena caíam no castelo. Aquela noite de sono seria muito bem vinda após um dia cansativo, mas o homem sabia que não seria isso a acontecer. Fechou os olhos tentando repensar sobre o que faria a seguir, em seguida dando uma última olhada para a esposa que dormia serena, como se tal ação fosse ajudá-lo a acalmar seu coração.

Foi até a porta dos aposentos onde se encontrava, abrindo-a e logo então saindo do cômodo. A fechou devagar, com muito cuidado para evitar maiores ruídos e passou pelo corredor em meio ao breu, dirigindo-se às escadas largas e escuras, que possuíam poucas tochas de fogo sendo utilizadas na iluminação. Alguns guardas eram encontrados em diversos cantos, contudo nenhum se importou em averiguar o que Fugaku estava fazendo acordado e perambulando durante aquela madrugada. Era como se não estivessem surpresos pela situação.

Continuou focando em seu objetivo, apressando-se em não perder tempo. Não demorou muito para que chegasse na enorme porta da sala principal do palácio, sendo esta prontamente aberta pelos guardas. Como imaginava, encontrou Kizashi Haruno sentado em seu trono, tão cheio de insonia quanto si enquanto segurava uma taça de vinho.

- Sabia que apareceria. - O Haruno quebrou o silêncio, tomando um gole. - Assim como eu, deve estar inquieto demais para simplesmente repousar.

O clima nada estimável compunha a cena: dois inimigos, cada um forçando da sua própria maneira uma forma para não transbordar as verdadeiras intenções, mesmo que ambos soubessem o que estava acontecendo ali.

- O que é entendível. - O Uchiha manteve-se impassível, sem demonstrar incômodo. - Quero que me diga agora mesmo quais são seus interesses ao ter nos convidado. Por favor nos poupe da parte onde diz que quer fazer as pazes entre nossos reinos. - Se aproximou mais, reconhecendo o quanto intimidava seu oponente. - Eu quero a verdade.

- A verdade? Bom, quero reestabelecer atividades comerciais com Servéria. Vossa majestade realmente não precisava ter vindo neste horário para me perguntar sobre o que já lhe foi dito.

- E qual seria o motivo para essa decisão repentina? - Fugaku retrucou. - Presumo que exista uma razão.

Como explicaria que a razão era resultado de um pacto realizado anos atrás junto a uma feiticeira que agora exigia que sua parte do acordo fosse cumprida?

- Resolvi não deixar o passado interferir nas minhas decisões atuais. O que é melhor para o reino não depende apenas de mim. - Respondeu simplesmente, não convencendo o Uchiha.

- Eu matei sua família. Sua esposa e filha foram assassinadas pelo meu reino sob meu comando e você diz querer reestabelecer relações conosco. - Ao ouvir aquelas palavras, Kizashi apertou a taça em sua mão. - Acha que sou tolo o suficiente para não perceber que está tramando algo?

- Isso chegou ao ponto crucial mais rápido do que eu esperava. - Passou as mãos pelo rosto, deixando de lado o vinho e depositando sua total atenção na conversa. - Por certo, sempre há um pequeno detalhe.

Kizashi se levantou, indo de encontro ao outro monarca em passos lentos. Passos estes que continham sua raiva e desdém por quem estava em sua frente. Suspirou pouco a frente, refletindo sobre tudo que o levara até aquela noite.

- Você de fato matou pessoas que eu amava. Minha vontade era de devolver-lhe tudo que me causou, matando sua mulher, matando seus filhos... - Sorriu imaginando o quão bom isso seria. Agora era Fugaku quem mantinha as mãos apertadas em ódio, buscando se conter. - Mas o tempo me ensinou que emoções não constroem prosperidade. Almenia só veio a prosperar quando deixei que focar no que você causou e sim no caminho a frente.

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