Aos poucos os olhos verdes se abriram, piscando algumas vezes. Suas orbes demoraram-se ali, acostumando-se com a claridade que as tocavam.
Os passarinhos cantavam suas canções costumeiras enquanto o sol iluminava a linda paisagem verde e farta que se encontrava por trás da janela. Sakura permaneceu ali entre os lençóis, observando o seu redor e processando lentamente tudo o que compunha aquela manhã. Os sons, as sensações, os cenários e a brisa leve. Simplesmente sorriu, o coração alegre por ter tranquilizado algumas de suas preocupações na noite anterior.
Observou o espaço ao seu lado, se encontrava sozinha na cama grande e adornada. Não que isso fosse um problema, havia se acostumado e gostava daquilo mas ainda assim se perguntava como seria compartilhar um espaço tão íntimo. Será que estranharia dividi-lo?
"Uma coisa de cada vez, Sakura. Isso não é um pensamento para agora" - Balançou a cabeça.
E foi desta maneira, com pequenos questionamentos recorrentes, um coração batendo rápido e curiosidades que se passaram os dias. Após a conversa que teve com Fugaku, as semanas que faltavam para o casamento se passaram tão rápido que no que pareceu um piscar de olhos, só lhe restavam horas.
Algumas únicas horas.
A ansiedade ainda estava ali, porém não mais perturbando ou confrontando o coração da rosada como antes. Agora fazia parte de seu frio na barriga, de suas borboletas no estômago. Quase podia ouvir os próprios batimentos, sentia-se diferente.
Claro que em determinados momentos acabava perdida em preocupações, porém sempre passageiras. Era humana, afinal de contas. Às vezes sua mente lhe fazia questão de lembrar que teria que fazer votos de uma vida ao lado de alguém que mal conhecia, mas no fundo sabia que estava segura.
Por outro lado, não era somente ela que tinha a mente dominada pelo casamento: os nobres, plebeus e até mesmo estrangeiros aguardavam com expectativa o dia em que a velha rixa entre os dois grandes reinos finalmente seria apaziguada.
Ainda que Almenia fosse um reino pacífico, parecia difícil para as pessoas imaginarem que uma grande guerra nunca ocorreria pelos feitos do passado de Servéria. Assim, a aliança se mostrou como um suspiro de alívio para os que não se importavam em vingar a história sangrenta e apenas desejavam viver dia após dia com suas famílias.
E agora Sakura estava ali, de frente ao espelho, parada e com o olhar fixo no próprio reflexo, prestes a selar o acordo que traria paz ao coração de todo seu povo.
Será que Sasuke também sentia tanta adrenalina quanto ela?
Seu noivo e sua família haviam voltado para Servéria pouco tempo depois de selarem o tratado. Por mais que o casal desejasse mais tempo a fim de ao menos se conhecerem melhor, os Uchiha não poderiam se dar o luxo de manterem-se longe do próprio reino por um mês. Em um momento como aquele onde a notícia do casamento rapidamente se espalharia, era impossível adivinhar quais atitudes outros reinos poderiam tomar a respeito do fato. Manter tudo sob controle seria a prioridade.
Mas então o tempo havia voado como se tivesse sido levado pelo vento, e Sasuke estava de volta. Já se faziam três dias desde que a família real retornara a Almenia, ainda assim as tradições não permitiam que o noivo e a noiva se vissem pessoalmente uma semana antes de casarem-se. Era quase uma tortura, visto que Sakura somente conseguia pensar no que se passava na mente dele.
Não sabia o que imaginar. Seu coração batia forte cada vez que descia o olhar pelo vestido que usava, tão forte que não conseguia sequer se mexer.
Era um vestido grande e longo, sua saia com tantas camadas que não conseguiria contar. A renda delicada adornava toda a extensão da saia, subindo em pequenos detalhes para o colo. As mangas longas desciam como cachoeiras cristalinas pelos braços, tão perfeitamente ajustadas para seu tamanho que era quase como se tivesse nascido para usar aquela
peça.
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Aliança
RomanceSeu reino estava devastado, sua honra manchada e sua dignidade destruída. A única opção restante para o rei de Almenia, Kizashi Haruno, foi se envolver em um acordo com uma feiticeira para obter sua tão almejada vingança. Cego pela dor, imprudenteme...