CAPÍTULO 1

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Séc.XIX

  REINO MAKARIA

  Em meio à exuberância do jardim real, a rainha vagava com passos lentos e graciosos, acompanhada por sua leal serva, Hazel. Elas se aproximaram de um chafariz primoroso, uma obra-prima esculpida com ouro maciço e adornada com diamantes que cintilavam intensamente.

A escultura central representava um anjo majestoso, seus traços delicados finamente gravados. Do centro do pequeno lago, o anjo esguichava água cristalina em um vórtice espiral, lançando um caleidoscópio de luz enquanto os diamantes nas bordas da fonte brilhavam triunfantes. Os raios de sol, filtrados pelas folhas das árvores, criavam um espetáculo etéreo que iluminava o centro do jardim.

A rainha e sua inseparável Hazel sentaram-se à beira da fonte, apreciando a beleza hipnotizante. O som da água caindo suavemente criava uma melodia serena que acalmava a alma, enquanto o brilho dos diamantes cativava seus olhares.

—Hazel,a amante do rei, tem estado muito calada e quase não sai de seus aposentos nesses últimos dias,sabe o que se passa com ela?

—Sei sim minha rainha,Hemera está com inveja de sua gravidez.—Hazel responde segura de suas palavras,pois ela tem razão.

A rainha Isla olhou para a serva Hazel com olhos tristes e acariciou sua grande barriga.

—Hazel, não pense assim de Hemera.—Disse ela. — Vimos o quanto ela sofreu no passado por causa de sua infelicidade. Talvez minha gravidez esteja trazendo de volta aquelas lembranças dolorosas.

Hazel balançou a cabeça com desdém.

—Eu não estou criticando ela, minha rainha…Hum….É apenas a verdade. Eu sei que ela ainda está sofrendo, mas isso não a impede de sentir inveja de Vossa Majestade.

No reino de Makaria, a amante do rei Phillip, Hemera, carregava o peso de duas perdas devastadoras. Há uma década, ela sofreu um aborto espontâneo que lhe roubou o primeiro filho. Um ano antes, ela havia dado à luz uma filha natimorta, uma tragédia que havia mergulhado em uma profunda tristeza.

Apesar dos esforços do rei, que ele demonstrava compaixão e atenção, a dor de Hemera parecia impenetrável. As noites eram uma agonia, atormentadas por pesadelos que a revisitavam com a angústia daqueles dias futuros. Durante o dia, ela lutou contra uma onda avassaladora de solidão e desespero.

Os muros do palácio acalmam Hemera, lembrando-a constantemente de sua perda. Os jardins, outrora um refúgio tranquilo, agora eram um lembrete do sonho roubado de nutrir seus filhos em meio à beleza da natureza.

Hemera sentiu-se incompleta, como se uma parte dela tivesse sido arrancada. A alegria e o contentamento que ela havia experimentado outrara justificadamente ter desaparecido para sempre. Ela se perguntava se algum dia conseguiria superar o abismo de dor que a consumia.

O rei Phillip testemunhou o sofrimento de sua amante com o coração pesado. Ele sabia que as palavras não poderiam amenizar sua dor, mas ele encontrou ao seu lado, oferecendo apoio e conforto quando possível. No entanto, Hemera parecia cada vez mais retraída, fundando-se em um mundo de tristeza que ele lutava para compreender.

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