CAPÍTULO 32

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Após a exaustiva valsa, Damien e Anne finalmente encontraram um momento de repouso. O rei se acomodou no grande sofá da sala, um trono informal entre os luxos da festa, e insistiu para que Anne se sentasse ao seu lado, atendendo às suas reclamações de cansaço. Ao lado da rainha Lorelle, estava Amirah, cuja lealdade e afeição pela rainha eram tão evidentes quanto a proximidade física entre elas, marcando o reencontro após dias de separação.

—Vai dançar um pouco, mãe. Veja como a música é boa, tem que curtir a festa. — Damien incentivou, enquanto levava aos lábios uma dose dupla de whisky, o líquido âmbar refletindo a luz das velas.

—Hoje não, querido, estou cansada e acho que já vou me retirar para os meus aposentos. — Lorelle respondeu com uma doçura que contrastava com a seriedade gravada no rosto de Damien. Ele permaneceu imerso em seus pensamentos, ainda perturbado pela presença do príncipe e sua amante.

A festa continuava ao redor deles, com a música enchendo o ar e os convidados entregando-se à celebração, o trio real permanecia em silêncio, observando. Eles eram como faróis de calma e autoridade, admirando o espetáculo de alegria e dança, mas separados dele por um abismo de responsabilidade e reflexão.

Enquanto a música suave preenchia o salão, Anne não pôde evitar que seus olhos buscassem Said do outro lado da sala. O príncipe, por sua vez, correspondia ao olhar, seu sorriso discreto atravessando a distância entre eles. O rubor subiu às bochechas de Anne, uma onda de calor que ela tentou esconder desviando o olhar.

Mas o rei Damien, com a percepção aguçada de um soberano acostumado a observar tudo ao seu redor, notou a troca silenciosa. Seu olhar passou de Anne para o príncipe, e um vislumbre de descontentamento cruzou seu semblante. A tensão entre eles era quase tangível, um jogo de emoções e poder que se desenrolava sob o brilho dos candelabros.

A tensão entre Anne e o rei Damien era quase palpável, um jogo de olhares e palavras não ditas que enchia o ar com uma eletricidade silenciosa.

—Quer sentar com ele, Anne? Assim vocês podem se olhar mais de perto. — A voz de Damien era dura, cada palavra como um golpe que fazia Anne se encolher internamente. Ela permaneceu em silêncio, sem argumentos para defender seu olhar furtivo em direção ao Príncipe Said.

A rainha Lorelle,junto de Amirah, percebendo a tensão e talvez desejando aliviar a situação, anunciou sua intenção de se retirar.

—Eu já vou subir, divirtam-se. — Sua voz era suave, mas carregava o peso de uma rainha que sabia quando deixar o campo de batalha para os mais jovens.

—Descanse, mãe, boa noite. — Damien respondeu, mantendo seu olhar fixo em Said, um desafio silencioso passando entre eles.

—Tenha uma boa noite, majestade. — Anne ofereceu um sorriso sincero, uma tentativa de trazer alguma leveza ao momento.

—Obrigada, queridos. — Lorelle agradeceu e se retirou com Amirah, deixando Anne e Damien sozinhos com a tensão que os cercava.

Com a partida da rainha, Anne sentia o peso do silêncio que se instalara entre ela e o rei. Ela havia prometido a si mesma que manteria a postura, que não deixaria seus sentimentos transparecerem. No entanto, como se tivessem vontade própria, seus olhos buscaram Said mais uma vez. O príncipe lhe ofereceu um sorriso que era uma mistura de desafio e promessa, um convite silencioso que ela sentiu reverberar em seu peito. 

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