CAPÍTULO 30

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Devon e Anne atravessam o limiar da grandiosa sala do trono, guiados pelos guardas que reverentemente abrem as portas para sua passagem. O coração de Anne se aperta a cada passo que a aproxima do rei, cuja expressão severa é uma constante tão imutável quanto as estátuas que adornam a sala.
Eles se detêm diante do trono, onde Damien repousa em sua majestade silenciosa, o olhar fixo em sua amante. Não há traço de emoção em sua face; seus olhos são como um abismo insondável, desafiando qualquer um a sustentar seu olhar sem vacilar. Contudo, Anne permanece imóvel diante dele, a ansiedade pulsando em suas veias, aguardando as palavras que definirão o curso de seu destino

— Fui convocada, Majestade?

Anne mantém a serenidade, ignorando o olhar penetrante do rei. Damien se levanta e desce os degraus que o separam dela, parando no último. Devon se coloca ao lado dele, compartilhando da mesma seriedade.

— Sim,Anne… Não sei como você vai receber esta notícia, mas é necessário que saiba. — Ele desce o último degrau, e eles mantêm o contato visual, ambos antecipando o momento seguinte. — Lamento informar mas seu pai foi encontrado morto em sua loja, vítima de um assassinato brutal.

Anne desvia o olhar do rei, sua visão embaçando enquanto uma lágrima solitária escapa. Lauren não havia mentido, apenas revelou a verdade de maneira abrupta. Agora, a realidade do que aconteceu começa a se assentar em seu coração.

— Amanhã de manhã, sua tia estará organizando o funeral. Se desejar ir, avise-me e meus guardas a acompanharão. — Damien se aproxima mais dela, parando a poucos centímetros de Anne. Ele não demonstra sentimentos pelo luto dela, e não vê necessidade de fazê-lo… Afinal, por que um rei como ele ofereceria consolo em um momento desses?

Anne sente a onda de emoção ameaçando submergir seu autocontrole. Ela ergue os olhos para o rei, lutando contra o impulso de ceder às lágrimas.

— Posso me retirar para o meu quarto agora, Majestade? — Anne pergunta, contendo a imensa vontade de se entregar ao choro, de buscar consolo nos braços de alguém, mesmo que por um momento considerasse o rei como tal refúgio. Mas ela resiste; ele é um rei, e apesar de uma intimidade compartilhada no sexo, sentimentos mais profundos não têm lugar entre eles, tão distintos em mundos e deveres.

— Pode. — A resposta de Damien é fria, distante, enquanto ele se afasta. Anne acena levemente com a cabeça e inicia sua caminhada solitária.

De volta ao seu trono, Damien observa cada passo de Anne em direção à saída, um silêncio pesado preenchendo o espaço entre eles. 

Devon observa Anne se afastar, uma sombra de empatia atravessando seu semblante. Ele se vira para o rei, a pergunta pendurada entre eles como uma espada invisível.

— Não vai lá? — Indaga Devon, sua voz um misto de preocupação e desafio.

O rei o encara, confuso por um momento.

— Aonde? — Questiona Damien, sua voz um eco da frieza que rege seu reinado.

— Apoiá-la? Dizer que sente muito ou que tudo vai passar. — A sugestão de Devon é quase um sussurro, mas carrega o peso de um grito no silêncio que se segue.

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