CAPÍTULO 28

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Damien diminui ainda mais a distância entre eles, suas mãos enlaçando suavemente os cabelos de Anne. Ela prende a respiração, não pelo toque, mas pela tensão que vibra no ar. Ele inclina a cabeça dela, forçando-a a encontrar seu olhar penetrante.

— Modere suas palavras, Anne. Eu não admito desrespeito. — A firmeza em seu aperto aumenta ligeiramente, um aviso silencioso de que ele está no limite de sua paciência.

— Perdoe-me, majestade. Não foi minha intenção. — A voz de Anne é um sussurro trêmulo, revelando o medo que ela sente.

— Da próxima vez, seja mais prudente. Não costumo hesitar antes de agir, então é melhor que não haja uma próxima vez. — A advertência do rei é clara, e seu tom sugere que não haverá leniência.

— Por favor, majestade, me solte. Não me machuque. — Ela implora, a voz mal audível.

Com um movimento quase imperceptível, Damien a atrai para mais perto, seus lábios roçando os dela num gesto que é tanto uma promessa quanto uma ameaça.

— Não ousarei feri-la, mas se houver uma próxima vez, não espere clemência. — A voz do rei é um murmúrio ameaçador, carregado de uma promessa sombria. Ele pressiona seus lábios contra os de Anne em um selo frio e calculista, antes de soltá-la abruptamente. 
Ela tropeça para trás, desequilibrada pela súbita liberdade. Ele se vira, a capa esvoaçante seguindo o movimento dramático. 

— Prepare-se. Espero você no meu escritório em dez minutos. — Sem um olhar para trás, ele deixa o quarto, e o silêncio que se segue é tão pesado quanto a ameaça que paira no ar.

Anne recosta-se na parede fria, seu olhar perdido no vazio que parece consumir o quarto. 

— Que ódio! — Murmura ela, uma confissão sussurrada que carrega o peso de seu mundo. As lágrimas, teimosas, ameaçam romper a barreira de seus olhos, mas ela as contém com determinação.

Lentamente, ela desliza até o chão, abraçando os joelhos junto ao peito. Ali, ela permanece, uma estátua de desafio e desdém, ignorando o ultimato do rei. A incerteza do que pode acontecer em seu escritório é um labirinto de possibilidades que Anne não deseja navegar.

"Céus!Por que ele tem que ser assim,por que?” 

 Anne se questiona, uma névoa de perplexidade envolvendo seus pensamentos. A ternura que ela sentiu na escuridão parece ter se dissipado com a luz do dia, substituída por uma frieza que a faz estremecer. Ela se preocupa com a possibilidade de se acostumar com esses momentos de proximidade, de encontrar conforto nos braços de alguém que, ao raiar do dia, se transforma em um estranho. 

Anne reconhece o perigo nessa dualidade, na vulnerabilidade de se acostumar com um carinho que pode não durar além do amanhecer, deixando-a exposta e ferida na cruel realidade do dia seguinte. Ela se promete, com uma determinação silenciosa, que não cederá à tentação de se apegar, de se acostumar, pois cada novo dia é um lembrete de que o calor da noite pode ser tão passageiro quanto as sombras que desaparecem ao sol.

                             
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