CAPÍTULO 14

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Anne, embora seu coração esteja pesado e sua alma esteja mergulhada na tristeza pelo que transcorreu na noite anterior, ela habilmente esconde suas verdadeiras emoções sob um véu de alegria. Com um sorriso que é tanto uma máscara quanto uma obra de arte, ela se apresenta diante da princesa e da condessa, irradiando uma luz que contrasta com a escuridão que sente por dentro.

A ruiva observou Anne, a nova moradora do palácio, com um olhar que misturava curiosidade e uma ponta de inveja.

— Então é você, Anne, a causa de tanto burburinho?— Ela comentou, sua voz tingida com um leve ressentimento. — Desde sua chegada, você tem sido o assunto de todas as conversa,e somente agora que eu pude vê-la. Precisa sair mais.— A condessa comenta ainda fascinada pela jovem diante dela, e agora ela podia ver que Anne era verdadeiramente uma mulher de beleza estonteante, ela não pôde evitar sentir uma inveja amarga, pois, apesar de sua própria posição e charme, havia algo na simplicidade e na elegância natural de Anne que ela sabia que nunca poderia igualar.

— Realmente,mas ainda não acostumei andar por estes corredores, e é por isso que não nos encontramos antes. — Anne admitiu com um tom de frustração.

Sair? Para onde? A ideia de escapar deste castelo é um sonho proibido, algo que o próprio rei advertiu ser impossível.

—Eu e a Condessa estamos planejando uma ida à cidade, você gostaria de nos acompanhar, Anne? — Emeline perguntou, um sorriso brilhando em seu rosto.

Ela não tinha muita afinidade com a Condessa e, por isso, desejava que Anne fosse junto. A presença  da moça tornaria a companhia da Condessa mais suportável para Emeline, que preferia não estar a sós com a ruiva.

Seria, de fato, a oportunidade ideal para Anne. Ela poderia comunicar ao rei que iria à cidade na companhia da princesa e da condessa, uma desculpa perfeita para mascarar sua intenção de fuga. Com a aprovação real para tal companhia nobre, Anne teria a cobertura necessária para desaparecer discretamente entre a multidão da cidade e buscar a liberdade que tanto desejava.

—Muito obrigada pela gentileza, princesa Emeline, contudo, ficarei. —  Anne respondeu automaticamente, distraída por seus próprios pensamentos. Logo, a realidade do que havia feito - recusar uma chance de liberdade - se instalou, deixando-a com um misto de arrependimento e determinação.

— Então, estamos prontas para partir, princesa? Estou ansiosa para chegar às lojas antes que os melhores itens sejam vendidos.— Lauren disse com entusiasmo, claramente satisfeita com a decisão de Anne em ficar.

— Você tem certeza, Anne? Será uma viagem rápida. —  Emeline insistiu, esperançosa. Ao lado dela, Lauren rolou os olhos discretamente, sua impaciência mal escondida pela ansiedade de começar a jornada de compras.

—Sim, princesa, podem ir sem mim, eu irei em outra ocasião, prometo. — Anne respondeu com um sorriso tímido, que pareceu tranquilizar Emeline parcialmente. Mais uma vez, Anne recusava a oportunidade de deixar o palácio, mesmo que por um breve momento.

—Está certo, mas vou lembrar você disso! Até mais! — Emeline respondeu, acenando com a mão adornada por uma delicada luva de renda. Lauren ofereceu um sorriso para Anne antes de ambas se virarem e seguirem seu caminho, deixando Anne para trás com seus pensamentos e o silêncio do palácio.

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