CAPÍTULO 34

5.6K 441 136
                                    


••●••

Anne deixa o vapor do banheiro para trás, envolta apenas na suavidade de uma toalha branca que mal toca o chão. O rei, uma silhueta imponente contra a luz matinal, permanece de pé, sua atenção voltada para o horizonte distante além da janela. Vestido em seu traje majestoso, ele é a imagem viva da realeza. No entanto, como se tocado por um feitiço sutil, ele percebe a presença de Anne sem sequer lançar um olhar para trás.

—Sua roupa está disposta sobre a cama — Ele anuncia, sua voz calma flutuando pelo espaço entre eles, sem que ele se dê ao trabalho de se virar.

Com passos medidos, Anne se aproxima da cama, onde o vestido azul grisalho repousa, exibindo sua elegância simples. Ao lado, um par de saltos altos espera para completar o conjunto. Ela considera por um momento a possibilidade de expressar seu descontentamento com um gesto tão trivial quanto revirar os olhos, mas a mera ideia se desfaz rapidamente; ela sabe que diante da presença dominante do rei, qualquer sinal de rebeldia seria corrigido com a mesma rapidez com que surgiu.

Ela toma o vestido e os sapatos, seus dedos deslizando sobre o tecido e o couro, e retorna ao santuário do banheiro para se transformar.

Momentos depois, Anne reaparece, a transformação completa. A toalha foi substituída por camadas de tecido que realçam sua figura, e os sapatos elevam sua postura com uma graça que só a nobreza poderia inspirar. O rei, agora sentado na beira da cama, observa-a com uma intensidade que transcende o visual; é como se ele pudesse ver a essência de sua alma.

—Vem, o café da manhã nos aguarda .— Ele diz, estendendo a mão em um convite silencioso. Anne caminha em sua direção, sua mão encontrando a dele em um gesto de confiança e aceitação. Ele a guia suavemente para sentar-se ao seu lado.

—Não estou com fome... — Anne começa, sua voz trêmula.

—Não perguntei se está com fome. Eu disse para vim. — A voz do rei é firme, inquestionável, e ele se levanta, sua postura imponente.

Anne lança um olhar para a bandeja sobre a cama, transbordando com uma variedade de frutas, além de massas doces e salgadas, um banquete para os olhos e o paladar.

—E você? Não vai se juntar a mim? — Ela pergunta, uma tentativa de desviar a ordem.

—Não tenho apetite. Foi preparado para você. — Ele responde sem hesitação, caminhando em direção à sua mesa, deixando claro que não há espaço para discussão.

—Então, eu recuso-me a comer, a menos que você se junte a mim. — Anne declara, erguendo-se da cama e alisando as dobras de seu vestido azul-acinzentado.

O rei hesita, seu olhar fixo nela enquanto Anne se posiciona diante do espelho, ajustando seu cabelo com gestos graciosos. Com um suspiro quase imperceptível, ele retrocede, seus passos ecoando no silêncio do quarto até que ele a alcance e a conduza de volta à cama com uma mão firme.

—Comerei, mas que fique claro: é apenas para evitar teimosias .— Ele diz, com um tom de voz que carrega a autoridade de sua posição, mas com um brilho de admiração nos olhos. Anne sorri, triunfante, e delicadamente seleciona um pãozinho da bandeja. O rei, seguindo seu exemplo, faz o mesmo, e juntos, eles partilham o desjejum em uma trégua silenciosa.

COMPRADA PELO REI Onde histórias criam vida. Descubra agora