Esperança

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-Levante-se! Em uma batalha real, um inimigo vai aproveitar esse momento para te matar. -Luna gritou do outro lado da clareira sem abaixar a varinha. Hermione gemeu tentando colocar-se em pé.

-Luna, é você quem vai acabar matando ela! -Gina gritou horrorizada, segurando James firmemente contra seu peito.

-Não. -A morena conseguiu responder ao se colocar em pé. -Vamos outra vez!

Semanas haviam se passado desde o dia que Hermione e Gina haviam partido para o esconderijo no meio da floresta com Luna. Os dias haviam se tornado longos e em tons de preto e branco. Apesar de ter levado consigo o cavalete, as tintas, as telas, os inúmeros livros e sua máquina de escrever, Hermione não tinha vontade de fazer nada.

Há dias o cavalete estava posto no canto da barraca sem ser tocado, uma tela branca e intocada começava a escurecer com o contato com a poeira e terra do local. A pilha de livros ao lado de sua cama também começava a acumular algum pó, salvo alguns sobre magia que a jovem tentava ler à luz de uma lamparina até que sua visão começasse a se embaralhar pelo sono excessivo que sentia.

A verdade é que a ansiedade que sentia por notícias do marido começava a consumir Hermione por dentro. Pegava-se concentrada olhando para o céu em busca de uma coruja ou algum pássaro que pudesse trazer notícias (Dumbledore, como sabia, costumava usar uma Fênix). O barulho de galhos quebrados atraia sua atenção, era como se a qualquer momento Draco sairia de trás de uma árvore dizendo que viera buscá-la, que tudo havia acabado e poderiam retomar a vida calma e tranquila que tinham.

Mas, dia após dia, nada acontecia. Hermione contava os dias e as semanas religiosamente, fazendo marquinhas na última folha de sua caderneta. Em segredo, ela calculava os dias que haviam se passado e no final sentia-se tão mal, com tanta vontade de chorar, que quase lhe causava dor física.

Certa noite, depois que as outras meninas haviam ido dormir, Hermione permaneceu em sua cama, olhando para a lona da barraca, prestando atenção nos sons que vinham do lado de fora. Embora seu corpo estivesse exausto, ela ainda não conseguia dormir. Sua mente rodopiava por lugares onde ela não permitia que chegasse sob a luz do sol.

Em meio ao escuro da noite, com a luz prateada da lua chegando até aos pés de sua cama, Hermione tentava voltar a ter controle sobre sua mente, tentava não divagar por caminhos tão distantes e sombrios, mas era quase inevitável. Uma parte de si, aquela que está sempre esperando pela tragédia iminente, fazia cálculos e estratégias, analisava possibilidades e probabilidades. Em meio a madrugada era fácil afogar-se nos pensamentos acerca do pior cenário possível para as coisas que aconteciam.

Durante o dia, os pensamentos sombrios eram afugentados como fantasmas pela luz do dia. Embora tais pensamentos estivessem sempre a meio caminho da superfície, ameaçando colocar a cabeça para fora da lagoa profunda que existia em sua mente, Hermione sentia-se segura o suficiente para manter as rédeas da situação. Para tentar manter o controle de seus pensamentos e angústias, Hermione enchia-se de atividades, movia seu corpo até que toda a energia fosse drenada de seu ser.

Luna era uma professora exemplar. Ela não parecia ter os modos e os cuidados que os outros tinham com Hermione, ela não parecia se preocupar se iria ou não machucar a jovem. Na verdade, a Malfoy pensou, ela parecia ser a única que pensava exatamente como ela, que entendia sua urgência e a necessidade que a jovem sentia de se manter ocupada, de ter algo para pensar, de ter preocupações mais urgentes para lidar. Luna desempenhava seu papel com maestria, sendo até mesmo cruel, como Gina dissera algumas vezes.

Hermione não se importava se os golpes de Luna a deixavam roxa ou se, ao final, estivesse tão cansada e sem fôlego que ela precisasse correr para vomitar. Hermione não se importava se não havia sequer um músculo ou osso de seu corpo que não doesse. Ela não se importava com a dor física enquanto curvava seu corpo tentando se proteger quando era óbvio que estava tão cansada que seria incapaz de desviar ou contra atacar.

DEATH.TIME.LOVE [DRAMIONE]Onde histórias criam vida. Descubra agora