DEATH.TIME.LOVE [DRAMIONE]

Pai

A vida de Draco poderia ser dividida entre o que ele havia vivido até aquele momento e o que ele viria a viver depois. Até aquele dia, Draco achava que tinha um certo controle de como seus dias iriam proceder e principalmente como eles iriam terminar. Alguns acontecimentos e fatos eram surpreendentes, alguns acontecimentos extrapolavam o controle que achava que tinha, mas, de modo geral, gostava de achar que podia prever os acontecimentos mais claros e óbvios de sua vida.

Nada, porém, havia o alertado que terminaria aquele dia como pai.

A maioria das pessoas que conhecia (e ele mesmo, se fosse julgar a experiência passada) tinham aproximadamente 9 meses para se acostumar com a ideia, considerando o quanto uma pessoa era precisa em suas contas ou não. Ele, entretanto, havia tido mais ou menos 9 milésimos de segundos para processar a informação em meio ao mais puro pânico que já pensou ser capaz de sentir.

Anos antes, quando havia fatalmente chegado tarde demais e encontrado sua então esposa morta com o filho que ela esperava, Draco havia experimentado o maior horror que alguém poderia sentir. O sentimento de incapacidade, a culpa, a paralisia, o medo e o amargor haviam tomado conta de todo o seu ser. Draco julgou que jamais se livraria totalmente daqueles sentimentos e, de certa forma, estava certo. A vingança não havia trazido a paz que ele achava que precisava, nem o conforto que pensou que traria. Ver o sangue derramado dos responsáveis pela morte de Astória não havia sido nem de longe tão satisfatório quanto ele pensou. Em vez disso, havia trazido uma sombra negra e constante em sua vida que nublou sua visão para as possibilidades do futuro.

Jamais superaria completamente o que havia acontecido à Astória e ao seu primeiro filho, não tinha ilusões com relação a isso. Em seus pesadelos sempre iria reviver os acontecimentos daquele dia, sempre veria o rosto sem vida da esposa. Não, aquelas eram feridas profundas demais para que um homem pudesse superar completamente.

Não reclamava, no entanto. Achava que o mínimo que podia fazer por aqueles que não foi capaz de proteger era guardar seus nomes em sua alma e honrá-los sempre que possível.

Entretanto, o terror que sentia naquele momento era muito diferente daquele de seu passado. Era o terror de ver a cena acontecer diante de seus olhos. O terror de ver e ser incapaz de agir. O terror de não ser rápido o bastante para evitar que o destino se repetisse.

Quando finalmente terminou de fazer os feitiços de cura em Luna, Harry Potter gritou informando que havia encontrado Dobby nos destroços da Residência Lovegood.

Dobby estava inconsciente, seu corpo tinha queimaduras horríveis e ferimentos terríveis, mas ele ainda estava vivo. Draco considerou que aquilo deveria ser considerado uma vitória. Harry Potter começou ele mesmo a fazer os feitiços de cura no elfo e derrubou a poção que tinha guardado para uma emergência. Luna já estava em condições de preparar outras, caso fosse necessário. O sentimento de que algo ruim estava acontecendo já dominava Draco quase completamente.

Carregar Luna e Dobby feridos para um possível campo de batalhas onde Draco não teria tempo para protegê-los parecia uma péssima ideia e deveria ter insistido para que Potter ficasse com eles. O outro soldado, no entanto, recusou terminantemente enquanto segurava Dobby nos braços e lutava para sustentar Luna em pé. Malfoy, ainda contrariado, se obrigou a pegar Dobby, embora achasse que seria uma distração desnecessária, e aparataram para o local indicado por Luna.

Haviam chegado claramente em meio a uma batalha. Draco viu com horror o feixe de luz verde que cortava a neblina da manhã até ser interrompida por um raio de cor vermelha. Ele assistiu com horror o desenrolar da batalha enquanto percebia 3 coisas ao mesmo tempo: 1- quem lutava contra Bellatrix Lestrange era Hermione, sua esposa. 2- Hermione parecia estar ferida e não parecia capaz de se mexer e 3- Hermione estava claramente grávida.