Capítulo 5

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Durante o intervalo na terça-feira, Fabrício está encostado na parede do lanche, seus olhos fixos em mim do momento que me aproximo até sair. O vendo desse modo pude entender o que as pessoas queriam dizer com "se fossem lasers eu estaria morta". Havia tanta raiva no seu olhar que foi difícil fingir que não o vi e ignorar sua presença. Ao menos não disse nada, mas isso não me garantia que ele não pudesse tentar me afetar de alguma forma.

— Fabrício parece muito irritado. Sera por causa de ontem? — Saulo pergunta baixo.

— Deve ser, mas não temos culpa disso. Suas ações resultaram naquele momento. — olho para Saulo. — Não há por que nos sentirmos ameaçados.

Ele assente, mas olha por cima do ombro, claramente preocupado. Eu estava tranquila, não havia nada que ele pudesse fazer a mim, e se eu fosse me sentir ameaçada, o primeiro passo seria falar com a diretora, afinal, já havia tentado o dialogo, não tinha motivo para tentar outra vez.

Quando o sinal para a penúltima aula toca, eu levanto e vou ao banheiro. Raramente fazia isso, não gostava muito de usar o banheiro da escola, mas havia bebido bastante água pelo dia estar mais quente que normal para o outono.

Volto ao mesmo tempo que o professor de inglês, que me vê e espera para que eu entrasse na frente, o que fico grata. Ele era muito sério quando se tratava de chegar atrasado em suas aulas.

Sento no meu lugar e deixo meu foco todo na aula, mesmo que eu já fizesse curso de inglês e estivesse num nível avançado (e tivesse fluência praticamente nativa), afinal, cada professor tinha sua didática e o que queria do aluno. Além do mais, seria um desrespeito desdenhar da aula que ele havia preparado só porque eu já sabia até mais do que ele.

Quando a aula estava quase no fim, bateram na porta da sala e Fabrício abriu a porta colocando a cabeça para dentro.

— Com licença professor.

— O que deseja? — o professor para de anotar na lousa e o olha com cima do seu óculos de aro de metal.

— É que a Beatriz ta sendo chamada na diretoria. Algo sobre ter entupido o vazo do banheiro.

Franzo a testa enquanto a sala está em gargalhadas.

— Aê, quem diria que a Beatriz cagava uma tora! — alguém no fundo da sala fala alto.

— Para sua informação, meu estômago é regulado, eu jamais fiz minhas necessidades fecais com tanta massa a ponto de entupir um vaso. — digo virando para trás.

Um momento de silêncio, todos olhando para mim, então as risadas voltam a explodir ao redor da sala. Noto a reação de nojo de alguns e que a maioria ria de mim. Eu estava sendo a chacota. Volto o olhar para o Saulo, que apenas me dá um sorriso apertado, indicação de que havia dado informação demais, e é somente aí que percebo Fabrício rindo na porta.

— Gente! — o professor praticamente grita chamando atenção da turma. — Já chega! Fabrício, que história é essa?

— Ele só quer me provocar professor. — não escondo minha irritação.

— Eu?! Claro que não. Me pediram pra vim atrás de você. — ele da de ombros.

— Primeiro que sua história a meu respeito é falsa, e segundo que ninguém da diretória chamaria um aluno por causa disso.

— Achei estranho também, mas se pediram... — ele da de ombros novamente. — Se duvida, só perguntar a diretora.

Abro a boca para rebater, mas o professor suspira alto e percebo que a sala ainda está as risadas. Ao menos parte dela.

Don't Falling For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora