Capítulo 20

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Seguimos em silêncio por um tempo, nem mesmo o rádio tocava e aquilo só faz minha mente girar agitada com todos os acontecimentos. Eu ainda estava irritada, frustrada por não poder fazer ele pagar pelo que fez comigo.

— Está mais calma? — Michele pergunta quando paramos em um sinal vermelho.

— Não. — resmungo.

— Quer me contar o que aconteceu realmente? — não respondo. — Talvez te ajude a relaxar e eu posso ver o que fazer a respeito do Fabrício.

Continuo calada por mais um momento, mas acabo contando o que aconteceu, desde o momento na mesa, até o beijo.

— Você gostou do beijo? — ela pergunta quando termino.

— Não! — olho para ela. — Eu não queria, como poderia ter gostado?

Ela dá de ombros.

— Como disse que se sentiu quando ele quase te beijou e depois quando finalmente fez isso?

Franzi a testa, não entendendo qual era o ponto ali. Foi ruim ter que repensar em como me senti nervosa, incerta, que não consegui o afastar, que os olhos dele pareciam me prender no lugar, fazendo minha pulsação desregular. Até mesmo como me arrepiei com o toque da língua dele na minha. Pude até sentir meus lábios formigarem como se o beijo tivesse acontecido momentos antes, e isso me faz sentir raiva novamente, meus olhos marejarem, então me calo. Não poda lidar mais com aquilo.

— Tem água aqui, bebe. — ela me estende a garrafinha que estava entre os bancos.

— Não, obrigada. — digo. Era provável que ela e Tatiana tivessem compartilhado aquela garrafa.

— Você ficar segurando essa raiva não vai adiantar de nada. — ela diz. — O que ele fez não foi legal, mas não há como voltar o passado. O que aconteceu, aconteceu.

Balanço a cabeça segurando a vontade de chorar que fica mais forte.

— Ele roubou meu primeiro beijo. — murmuro.

— Sim, roubou, mas não foi ruim, você gostou...

— Não gostei, não! — exaspero a olhando com raiva.

— ... senão não teria se sentido como sentiu. — ela complementa como se eu não tivesse dito nada.

— Eu estar com raiva significa que gostei? — indago ficando mais irritada ainda.

— Bea, minha querida irmãzinha, pensa comigo. Fabrício e você se veem sempre na escola, e duas vezes na semana passam a tarde juntos. Pode não estar apaixonada por ele, mas ao menos se acostumou com sua companhia. Além do mais, coração acelerado e borboletas no estômago são sinal de... ao menos naquele momento significou mais do que um simples garoto te beijando sem seu consentimento.

Fico emburrada e cruzo os braços, não querendo seguir a linha de pensamento dela.

— Não. Ele me... não sei, hipnotizou, se aproveitou da minha confusão. Eu não gostei de ter beijado ele. — digo veemente.

— Tá bem, se você diz, então é, não gostou, ele foi um canalha machista que te beijou a força. Ainda assim não muda o fato que aconteceu e não hã como desfazer. O que resta agora é ficar longe dele. — ela diz parecendo estar cansada.

O silêncio se instala no carro e fico com meus pensamentos. Queria fazer ele pagar por isso, mas agora, conseguindo pensar, sabia que ligar para a polícia teria sido uma perda de tempo.

— Pode... pedir para Tatiana falar com ele, para que não tente falar comigo na escola? — peço depois de um momento.

— Claro. Peço sim.

Don't Falling For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora