— Vai mesmo fazer isso? — pergunta Saulo no corredor.
Assinto com a cabeça, os alunos passando por nós, conversando animados pelo fim de semana que começaria, como se toda semana ele não ocorresse.
— Eu preciso dar um fim nisso de uma vez por todas, e acho que conversar com ele seja a solução.
Meu peito estava agitado, e eu mal havia conseguido prestar atenção na última aula, a cabeça focando no que conversaria com Fabrício.
— Tudo bem, eu entendo, mas acho que não devia ficar sozinha com ele naquele pátio.
— Não vamos estar realmente sozinhos, além do mais, na frente da escola chamaria muito mais atenção, o que não quero. — dou um curto sorriso. — Fica tranquilo, sei que Fabrício não vai tentar nada. Apesar de tudo, ele aprende com o primeiro erro.
Saulo nega com a cabeça, mas se dá por vencido, ainda que contrariado. Dou um abraço rápido nele e nos separamos.
Quanto mais perto do pátio dos fundos, mais meu coração batia forte e eu sentia um frio no estômago. Nem lembrava a última vez que me senti tão nervosa como naquele momento. E ao ver Fabrício, de pé perto de uma das jardineiras, chutando levemente o vaso, meu coração parecia querer sair pela boca.
Parecendo sentir minha presença, ele ergueu a cabeça olhando na minha direção e deu um sorriso que me fez segurar um sorriso de resposta.
— E aí! — me cumprimenta quando paro não tão próxima a ele.
— Oi. — ajeito minha mochila e o óculos, me sentindo desajeitada pela primeira vez na vida.
— Antes de você falar algo, — ele perde o sorriso, ficando com aquela carinha de inocente que ele fazia quando queria dar uma desculpa e eu inspiro fundo, para já o interromper. — preciso pedir desculpas por aquele dia. Eu fui um babaca, não...
— Foi mesmo. — digo vendo que as coisas não tomariam o rumo que eu pretendia. — Mas isso já não é uma novidade para mim, assim como seus pedidos de desculpas não adiantam nada, além de não mudar o que já aconteceu.
— Eu não sabia que era seu primeiro beijo, apesar de ter desconfiado.
Reviro os olhos, aquilo estava sendo pior que imaginei. Saulo estava certo, eu não devia ter vindo aqui, muito menos ter pedido para falar com ele.
— Não posso estar apaixonada por ele. — sussurro para mim ao virar balançando a cabeça.
— O que foi? — ele pergunta vindo para meu lado, me acompanhando.
— Nada, Fabrício. Vou embora, eu... não sei o que tinha na cabeça para pedir para falar com você.
— Espera. — ele para na minha frente e o encaro, mesmo que isso fizesse minha pressão cardíaca se elevar um pouco. — Eu fui sincero sobre o que disse naquele dia.
— O quê? — tento tentar lembrar de que tipo de coisa poderia estar falando.
— Eu gosto de você, Beatriz. E tem algum tempo isso.
Engulo em seco, minha pulsação acelerando, o que eu não fazia ideia como seria possível. Lembrava dele ter dito isso naquele dia, e suas palavras ainda ecoavam na minha mente, mexendo dentro de mim como nenhuma outra frase mexeu antes.
— As aulas de reforço eram só um jeito de me aproximar mais de você, entender se eu não estava doido por estar gostando de uma... nerd. — ele dá um sorriso desanimado. — E quando você ia embora depois das aulas, eu só ficava pensando quando ia te ver de novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Don't Falling For Me
RomanceBeatriz é uma nerd assumida, e não se sente nenhum pouco envergonhada por isso. Ela sentia que tinha a vida perfeita, até conhecer Fabrício, o aluno novo e encrenqueiro da sua sala de aula. Imediatamente os dois declaram ódio um pelo outro, e ele nã...