Capítulo 18

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Eu já esperava que Fabrício fosse tentar falar comigo na segunda-feira, mas não imaginei que seria tão cedo, me assustados quando entrava na escola.

— Bom dia. — sussurrou por trás de mim.

O encarei de lado e não falei nada, apenas apresso o passo em direção a sala de aula, mas o caminho ainda era um pouco longo até lá, sabia que não teria muita opção de fuga.

— Desculpa, Beatriz. Não devia ter tocado em você, ainda mais daquele jeito. — seu tom pesaroso era quase irritante.

Paro e o encaro, o grupo de três alunos que vinha logo atrás da gente desvia, nos encarando de lado ao passar por nós.

— Eu tô cansada dos seus pedidos de desculpa, Fabrício. — resolvo colocar para fora minhas frustrações. — Quando você quer, se dedica de verdade, faz as coisas certas, mas parece que fazer esforço não é com você. Prefere ser idiota que nem o Thiago e o Diego da minha sala, mas vou te dizer que eles não são nada engraçados agindo daquela forma.

— Não acha que me comprar com eles é pesado demais? — ele faz uma careta.

— Você age do mesmo jeito. — cruzo os braços erguendo um pouco mais o queixo.

Fabrício passa a mão no cabelo, olhando pelo corredor. Noto como trinca sua mandíbula, pensativo. Quando seus olhos voltaram para os meus, vejo que o atingi, há angustia ali.

— Eu sinto muito. De verdade. Por favor, me desculpa só mais essa vez, prometo que não vou mais ser um idiota, e vou me dedicar mais as aulas.

Apenas fico o encarando, queria dizer logo que não, que estava cansada, mas penso no que Tatiana e Michele me falaram, que Fabrício não era um garoto ruim, e de fato não era, quando queria. O problema era que ele só queria agir desse modo, e eu já havia dado outras chances que foram desperdiçadas, não queria fazer isso mais uma vez e apenas me decepcionar.

— Olha, juro que vou me esforçar mais ainda nas aulas. Paro até de andar com o André e de falar com os idiotas da tua sala, se isso te deixar feliz. — insiste.

Suspiro. Eu não sabia que porque ainda me dava ao trabalho de ouvir ele.

— Você não tem que fazer nada para me agradar, Fabrício. — volto a andar. — Pode continuar sendo o idiota que quer ser, sei que não quer mesmo entrar numa faculdade. A única coisa que quero é que não aja como um idiota do meu lado e se dedique aos estudos, ao menos quando eu estiver te ensinando.

— Ok. Sem problemas. — ele vem andando, parecendo saltitante ao meu lado. — Então vou ser sério, não vou mais falar merdas e nem te tocar.

Olho de lado para ele e Fabrício sorri, seus olhos castanhos iluminados para mim, parecendo uma criança que ganhou doce.

— Quero só ver. — resmungo voltando o olhar para frente, nenhum pouco crente de que realmente ia acontecer algo assim, e desejando não me arrepender de dar mais essa chance a ele.

— É sério. Por sinal, até lembrei de uma piada que você vai gostar. — comenta e eu fico na minha, na esperança de que ele não fosse a contar, mas claro que ele conta. — O que um nerd disse quando tomou uma vacina?

Ajeito os óculos, nem me dando ao trabalho de pensar. Apenas a palavra nerd já me dá noção de que vinha idiotisse por aí.

— "As definições de vírus foram atualizadas!" — Fabrício responde mesmo assim, começando a rir.

Aquilo me surpreende, era até inteligente, e não era ofensivo, até me vejo dando um sorriso curto, que disfarço para não dar ibope a Fabrício.

Don't Falling For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora