Capítulo 6

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Não tive mais notícias de Fabrício. Mal o via na escola, e das duas vezes que nos vimos, ele ainda tinha um olhar irritado na minha direção. O que não me afetava em nada, já que ele era sempre o primeiro a desviar o olhar.

Parecia que finalmente havia me livrado de sua perseguição sem sentido. E agora eu estava totalmente focada nas aulas novamente, bem a tempo das provas do bimestre.

Eu gostava da semana de revisão, conseguia tirar muitas dúvidas, algumas fora do assunto, mas os professores não se incomodavam realmente. E acho que meus colegas de classe também se beneficiavam disso.

Mas eu estava enganada. Ao sair da aula na quinta-feira, fui até o banheiro antes de sair da escola. Entrei no último box e ouvi algumas garotas entrando um pouco depois.

— Cara, que ódio ter a Beatriz na sala. Quase a gente não sai da sala hoje. — diz uma delas, que não reconheço pela voz.

— Sim. Não sei pra quê fazer tanta pergunta. Porque ela não aluga só os professores? — diz uma segunda garota.

— Ela deve bem querer se aparecer pra eles. Puxa saco, sabe!? — diz uma terceira, que ri.

— Não. Talvez queira chamar atenção do Saulo. — diz a primeira voz.

— Achei que eles já se pegavam. — estranha outra menina.

— Do jeito que são tapados!? Duvido.

— Certeza que ela nunca nem beijou na boca. — ri uma menina.

— Chata do jeito que ela é, não deve conseguir nem que o Saulo tenha pena dela pra fazer essa caridade.

Todas caem na gargalhada.

Levantei me vestindo e saio do box. Vejo que é Patricia, Isabela, Márcia e Sandra, todas da minha sala. Ao me ver elas param de rir e se entreolham sem graça. Não falo nada, só vou ate a pia e lavo as mãos antes de sair, um elefante branco no banheiro.

Quando finalmente saio, suspiro. Não ia me abalar por aquilo, eu gostava de aprender, mas nem todos eram assim, não podia esperar que eles ficassem agradecidos pelas informações a mais que recebiam devido às minhas perguntas.

De toda forma, aquela conversa não saia da minha cabeça. Cheguei em casa pensativa, me perguntando se eu realmente era chata a ponto das pessoas não quererem estar perto de mim.

Nunca fui de ter muitos amigos. Na verdade, meu único amigo era Saulo, jamais precisei de mais do que isso, mas sempre pensei ser porque realmente não precisasse, mas agora me perguntava se, na verdade, era porque eu afastava pessoas com meu jeito.

Isso dura quase a tarde inteira, mas logo esqueço. Não tinha porque me preocupar, eu não precisava da amizade de nenhum deles, nem da simpatia. Num futuro poderiam lembrar de mim e dizer para si "se não fosse Beatriz perguntar a respeito disso, eu jamais saberia", e me dava por satisfeita com esse pensamento. Além de que, porque teria amigos para os quais teria que dizer tchau quando fosse estudar na NASA!?

Saulo sabia do meu sonho, me apoiava e torcia por mim, poderia sentir falta de mim, como comentou uma vez, mas não seria um sofrimento para nenhum de nós. Ambos sabíamos que o conhecimento e estudo era mais importante que tudo.

Pela manhã seguinte, já havia esquecido do ocorrido e levantei para mais um dia, saindo do quarto e me deparando com uma menina de cabelo rosa na porta do quarto da minha irmã, bocejando e esfregando o olho. Ela ergue o olhar para mim e sorri.

— Hey, Beazinha. Bom dia. — me cumprimenta Tatiana.

— Bom dia... — respondo no automático, muito confusa com aquela cena.

Don't Falling For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora