Capítulo 22

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Conversei com Saulo no domingo sobre o que Michele me falou, no que passei quase a noite toda pensando. Ele também me deu conselhos, um pouco parecidos com os da minha irmã, mas de certa forma contraditórios. Foi ele quem viu o que Fabrício fez comigo no início do ano, então não confiava completamente nos sentimentos que ele admitia. E em parte eu confiava nesse julgamento dele.

Ainda tentava lidar com tudo isso quando a segunda-feira chegou. Quando entrei na escola, fiquei esperando Fabrício aparecer, como fazia antes, mas ele não chegou cedo, porém o vi no refeitório e ele me deu um sorriso, caminhando direto na minha direção, fazendo o meu coração incontrolável pulsar acelerado.

— E aí, já escolheu o que vai comer?

— O de sempre. — estranho levemente a pergunta, logo lembrando a proposta que havia feito a ele. — Sanduíche natural com suco.

— Porque eu não me surpreendo com esse pedido!? — ele sorri de lado.

— Você sempre me viu por aqui, não devia estar surpreso. — digo voltando o olhar para a fila.

— Ok, fui pego no pulo. — uma risadinha escada dele e eu o olho. — Eu sabia que era isso, só quis saber se ia conseguir descobrir o que você gosta de comer. — ele dá seu sorriso de lado, dessa vez um pouco convencido.

Baixo os olhos novamente, percebendo que todas às vezes que ele tentou saber mais sobre mim, devia ter sido uma forma de ficar mais próximo, possivelmente, encontrar pontos em comum. E ainda assim gostávamos um do outro. Eu odiava sentimentos, pois eles não faziam sentido algum.

Minha vez na fila chega e Fabrício se adianta, fazendo o pedido e pagando, até mesmo quando a moça vai entregar ele pega e o estende para mim, dou apenas um sorriso apertado de agradecimento e vou virando para ir até à sala.

— Será que a gente pode conversar depois da aula? — ele pergunta me seguindo.

— Tenho curso depois, não posso me atrasar.

— Você ainda tá com raiva.

Paro e o olho, estranhando o olhar decepcionado dele.

— Com raiva?

— É. tá me evitando. Olha só quero...

— Pedir desculpas? — o corto com um arqueio de sobrancelha.

— Não. — ele sorri levemente. — Que a gente se dê bem, ao menos.

Desvio o olhar, acalmando minha pulsão irregular.

— Amanhã a gente se fala. — digo e me apresso de volta para a sala, e Fabrício não me segue, mas sei que ele me olhava.

Chego em sala meio abalada pela ideia de que esteve um pouco obvio as ações dele, eu apenas não percebi antes. Até mesmo comento com Saulo, que fica surpreso.

— Faz sentido mesmo. — ele confirma. — Eu devia ter desconfiado disso também, mas achei impossível que fosse interesse amoroso.

— Não sei o que fazer a respeito dele. — admito com um suspiro. — Michele acha que devo lhe dar uma chance, mas não sei se é uma boa ideia.

— Sabe, sua irmã não está errada em sugeri que vocês saiam e... se conheçam melhor. Isso pode mostrar mais para você sobre quem ele é, do que ficar lidando apenas com o que tem, o que é nada, já que nunca deu espaço para ele.

— Você está sugerindo que eu... vá num encontro com o Fabrício? — o olho surpresa. Para quem estava mais negando do que aprovando tudo aquilo, aquela era uma sugestão inesperada.

Don't Falling For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora