Capítulo 15

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— Bom dia, professorinha. — sussurram no meu ouvido.

Viro com o susto, dando de frente com Fabrício, que sorria travesso.

Já estava dando aulas para ele há um pouco mais de um mês e há duas semanas ele tinha adquirido essa terrível mania de me assustar na escola. Não bastava apenas suas insistentes perguntas a meu respeito e as brincadeiras provocativas que realizava vez ou outra.

— Já pedi que não me chame dessa forma. — volto o olhar para frente. — E por favor, para de me assustar assim.

— Não é culpa minha se você vive com a cabeça em estrelas e planetas. — brinca.

Apenas respiro fundo. Estava muito cedo para aturar Fabrício. Na verdade, eu nem compreendia porque ele havia começado a chegar cedo na escola, já que antes entrava geralmente minutos antes do portão fechar. Parecia fazer questão disso apenas para testar meu humor de manhã cedo. Não que eu fosse uma pessoa irritada.

— Hoje tá carregando mais coisas que o normal. — ele comenta.

Olho os dois livros de física que eu abraçava.

— São para você estudar. — explico começando a subir a escada para o andar das nossas salas.

— Para mim? — Fabrício estende a mão. — Deixa eu ajudar a carregar então.

Fico incerta sobre isso, mas deixo ele pegar um dos livros. Fabrício aproveita para folhear e vejo a careta que faz.

— Vou mesmo ter que estudar isso? — seus olhos vêm para mim, com espanto.

— Não exatamente. Isso é física avançada, boa parte do que tem aí não serve para você, não iria compreender, mas há algumas coisas que vou usar na aula de hoje com você.

— Achei que só os da escola estavam de bom tamanho. — ele resmunga fechando o livro com um baque e o segurando sem muito cuidado.

— Isso só demonstra que você é um aluno como outro qualquer. — puxo meu livro de volta. — E tenha cuidado, ele foi caro.

— Foi mal. — diz rindo. — Você já está irritada. Não tinha notado que ficava de mau-humor pela manhã.

— Não fico, mas você parece gostar de aflorar esse sentimento em mim. — respondo sem o encarar, acelerando um pouco o passo para chegar logo em sala e me livrar de uma vez dele. Ao menos até o fim das aulas.

— Isso é novo. Geralmente causo outra coisa nas garotas.

Apenas reviro os olhos e entro em sala de aula, respirando fundo e sentindo um alívio quando sento e há apenas o silêncio da sala vazia. O que dura até os alunos começarem a chegar e a aula iniciar.

Quando o horário do intervalo chega, fico em sala, era o dia de Saulo comprar nosso lanche, e eu não esperava que Fabrício entrasse em sala e sentasse na mesa da Letícia, ao meu lado, e colocasse uma prova em cima do livro de geografia que eu estava olhando.

— O que é isso? — o olho mais incomodada do que curiosa.

— O teste da semana passada. Olha minha nota. — sorri com presunção.

Olho a nota dele, um oito. Analiso as questões e suas respostas, suspirando ao ver os erros bobos que ele cometeu.

— Eu já ensinei esse assunto, era para você ter tirado dez nesse teste. — estendo o papel para ele. — Não devia ficar feliz com um oito, quando podia muito bem ter tirado um dez.

— Pow, é melhor do que minha nota no bimestre passado, não pode ficar feliz em ver que suas aulas estão me ajudando? — protesta pegando o teste e dobrando.

Don't Falling For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora