Capítulo 13

19 3 2
                                    

Quando a manhã chegou, dormi direto, cansada pela noite de pouco sono. Ao acordar, Saulo havia separado um pouco de café para mim e pão. Michele e Tatiana haviam saído para fazer trilha e Fabrício estava na barraca, jogando em seu video-game portátil.

Enquanto comia, Saulo e eu refizemos nossos cálculos, e ainda dava a mesma estimativa para início da chuva, então essa noite ainda poderia ser a noite, ou talvez a próxima, tudo que nos restava era esperar, em algum momento ela iria ocorrer.

Saulo e eu caminhamos ao redor, não indo muito longe do nosso acampamento, quando voltamos, Michele e Tatiana já estavam de volta e tentando montar uma fogueira. Eu não apoiava a ideia, mas a noite tinha sido bem fria, então deixei sem reclamar. Não seria a luz da fogueira que iria atrapalhar a visão do céu, que era perfeita naquela altura.

Quando a noite caiu novamente, Saulo foi o primeiro a ficar acordado enquanto dormi um pouco na barraca. Acordei quando ele me chamou, trocarmos e sai enroscada na manta, a noite estava tão fria quanto a anterior.

Coloquei mais um dos galhos que Fabrício havia pego de tarde para manter a fogueira com chamas fortes. Tudo estava silencioso e me sentei na borda da pedra, os pés roçando nas árvores abaixo, a cidade brilhando com suas luzes muito abaixo de onde estávamos.

Olhei o céu me pergunta se aquela noite iria ser a noite que finalmente veria a chuva de meteoros. Amanhã seria a última noite para tentar ver, depois teria que voltar para casa, as aulas começariam na outra semana e eu precisava me preparar para elas.

— Nada das suas estrelas cadentes?

Olho por cima do ombro, Fabrício se aproximando e sentando ao meu lado, as mãos dentro do casaco de frio e uma cara de sono, seu cabelo mais bagunçado que o normal.

— Não. Mas geralmente ela inicia às duas horas, são uma e meia. — olho em meu relógio de pulso, ajustando os óculos em seguida.

Fabrício boceja e tira as mãos dos bolsos, se apoio para trás com elas, sua cabeça virando quase toda para olhar o céu.

— Aqui dá pra ver muitas estrelas, nem sei a última vez que vi tantas. Se é que vi.

Não comento nada. Ele claramente parecia um garoto da cidade, que não teve muito contado com a natureza. Eu tirava isso por ele resmungando da falta de sinal de internet ali e do tédio de não ter nada para fazer além de olhar "mato".

— Então, você e o Saulo, hein? — olho para ele, que tinha a cabeça pendendo sobre o ombro, um sorriso travesso em seus lábios.

— O que tem ele e eu?

— Iam vir sozinhos pra cá, né? E ainda diz que não namoram.

Suspiro. Eu não entendia a obsessão das pessoas em achar que havia algo romântico entre mim e Saulo.

— Porque está aqui, Fabrício? — pergunto voltando o olhar a cidade abaixo.

— Sem sono. E sua irmã é bem espaçosa, fico espremido na lateral da barraca.

— Não. — o olho. — Quero saber porque veio acampar com a gente. Não estava na cidade para ficar com seu pai?

O semblante dele fecha, ficando entre a irritação e a tristeza. Ele se ajeita, sentando com uma perna para cima, o braço apoiado no joelho e seu olhar na cidade também. Parecia uma pessoa completamente diferente do garoto irritante que eu sempre via na escola.

— Até onde sei, esse lugar não é seu para querer delimitar quem entra ou não aqui. — resmunga.

— Eu não falei que é meu. Só quero entender o que te fez vim quando poderia estar na companhia do seu pai.

Don't Falling For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora