12. Herói

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POV.Bianca

De repente, estava caindo. Em queda livre, impotente.

Um sonho chegava à medida que eu ia perdendo a lucidez, a ilusão me abraçava delicadamente em uma nuvem de plumas. A queda continuava, mas parecia me levar a algum lugar. Um lugar familiar. Um lugar que era meu.

Era no meio do nada, mas era tudo para mim. Como um esconderijo secreto moldado à minha vontade, não um esconderijo, um presente. Seria o paraíso que as pessoas tanto comentam? A vida após a morte?

Olhei para meu corpo abaixo de mim, eu não me via. A nuvem me engolia, fazendo tudo mudar ao meu redor.

Quando dei por mim, estava num jardim, lindo, colorido, fresco e silencioso. Sentada e esperando. Era um lugar de paz, eu adorava.

Percebi que estava num corpo agora, o meu corpo. Ele irradiava, como o sol, mas numa luz pálida.

Sentia felicidade, o oposto do que sentira há minutos atrás enquanto estava no mundo real.

Eu queria ficar ali, para sempre.

Você não pode — uma voz ressonante disse, respondendo meu desejo. Era feminina e amorosa, me deixando com uma sensação desconhecida, seu tom era preocupado, mas também firme.

— Por que? — perguntei frustrada.

A mulher angelical surgiu diante de mim. Divina. Seus olhos queimavam em chamas e seus cabelos brancos eram lisos e compridos, ela usava um vestido longo e esvoaçante na cor azul marinho.

Seus passos eram graciosos à medida que se aproximava.

Seu rosto era a encarnação da pura alegria, seus olhos se enrugaram com o sorriso estampado no rosto. Seus dentes brancos brilhavam sob a pele pálida e reluzente. Uma aura de amor exalava de sua presença e eu não pude contestar o fato, de ela ser a coisa mais próxima de um Deus que eu já havia vislumbrado.

A mulher segurou minhas mãos brilhantes, sua pele num tom translúcido reluzia as plantas ao nosso redor, ela era perfeita.

Vou encontrá-la, meu amor. Eu sempre vou encontrá-la. — ela apertou minhas mãos, sua voz retumbante ecoando pelo jardim. — Finalmente você voltou.

Ela sorriu, ainda contagiada pela minha presença, suas mãos deslizaram pelos meus braços cintilantes e pude notar que a luz emitida por mim, se aproximava a um tom dourado e se atrelava à luz pálida que saia de suas mãos.

Não há mais tempo. — ela põe a mão acima do meu osso esterno, no centro do meu busto. — Nos veremos em breve.

E então sinto uma onda me empurrar para longe, jogando meu corpo numa força colossal na direção oposta do jardim.

Em seguida a queda voltou.

Tudo se escureceu e senti uma forte colisão quando voltei ao meu corpo. Uma dor intensa fazendo meus ossos vibrarem e o meu coração galopar.

Eu estava gelada, sentia meus músculos rígidos por causa do frio.

À medida que ia recuperando os sentidos, percebi uma pressão rítmica concentrada no meu peito. Indo e voltando. Em intervalos perfeitos. Uma voz agradável, contava baixinho sincronizado com o peso que quicava em meu peito.

Quando voltei a me sentir completamente, a primeira ação foi involuntária.

Respirar.

Inspirei com os lábios entreabertos, me agarrando à vida novamente.

Solstício Secreto (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora