Amarelo

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Bonjour! ♥🦋

José Alfredo e Marta unidos para ensinar a primeira cor de muitas que ensinarão. Qual será o efeito do amarelo na vida de Amélie?!

Link do site do Instituto NeuroSaber para quem quiser saber mais sobre o assunto: https://institutoneurosaber.com.br/classificacao-de-cores-no-autismo/

Boa leitura!

- Mia Bitencourt

"As Cores no TEA

A complexidade da síndrome faz com que o indivíduo com autismo tenha uma menor discriminação cromática em relação àqueles que não têm o TEA. No entanto, tudo isso entra na questão da característica que cada um traz consigo; ou seja, não se pode generalizar. Cada caso é diferente. - Instituto NeuroSaber."

Ela confiava nele, um pouco, mas confiava. Faziam tantos anos que não tocavam-se, não estamos falando de sexo, mas sim de cumplicidade. Ele a cuidava, puxava assuntos aleatórios e a fazia rir. Aos poucos ia ensinando para Marta tudo que aprendeu em suas pesquisas.

Era a primeira vez que José Alfredo ensinava algo para Maria Marta, não o contrário.

Maria Marta viveu os estágios do luto autista, só que o problema não era só esse. Ela teve que lidar com o luto da gravidez indesejada,  com o luto do divórcio, com o luto de ser uma “mãe solo”, com o luto de ter perdido Clara, com o luto da traição!

Ela havia guardado tudo em uma gaveta, deixou tudo para resolver depois, o que ela não esperava era que esse “depois” chegaria. O diagnóstico de Amélie foi a gota d’água que a fez submergir. Ela só precisava de um empurrão, e o autismo, com uma força avassaladora, foi esse empurrão.

A Imperatriz estava caindo como Maria I de Portugal, também chamada de Rainha Louca. Era piedosa, religiosa, era uma mulher forte! Porém, mulheres poderosas também caem, mas antes de cair elas lutam bravamente! Comandam exércitos, administram reinados, são soberanas, inteligentes, imperiosas! E, quando atingem o limite, nada às faz voltar a si. Rainha Maria I não suportou a morte do marido e a morte do primeiro filho, isso a deixou insana e nem o melhor tratamento, tampouco o melhor médico inglês a fizeram melhorar!

 Até às maiores figuras imperiais tem suas fraquezas. Ela estava cansada de ser forte, ela não aguentava mais lutar tantas guerras sozinha. Marta exauriu, mas, diferente de Maria I, ela levantaria.

- Deixa eu ver teu braço. – O comendador disse preocupado.

- Não tá doendo, foi só um arranhão. – Comentou olhando a marca avermelhada em sua pele.

O comendador segurou o braço dela com delicadeza, pegou uma toalha de rosto e passou no local com cuidado, Marta sentiu uma leve ardência.

- Desculpa. – Zé falou ao perceber que o local estava dolorido ainda. O comendador estava abatido, tentava manter a calma e ser o mesmo nordestino arretado de sempre.

- Zé, por favor, não chora. – Ela pediu e ele percebeu que estava chorando enquanto limpava o machucado.

- Choro? Não tô chorando. Eu não choro. – Secou o rosto com a toalha. – Deve ser o sabonete. – Forçou um sorriso. E quanto mais ele tentava justificar, mais dor sentia. – Marta, por favor, não faz mais isso. – Ele estava em choque por vê-la naquele estado. A adrenalina o fez agir, mas a ausência dela o fez sufocar. Segurou o rosto dela. – Me promete que não vai fazer mais isso!

Os dois se olharam, era ódio, tristeza, amor, mágoa, tudo junto.

- Maria Marta, pelo amor de Deus! Não faz mais isso. – Estava sério.

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