Violeta

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Bonjour! ♥🦋

Capítulo de hoje aborda um tema delicado, o meltdown! E, de antemão, deixo um questionamento... Vocês são os julgadores ou a Soraia? Pensem nisso! No final do capítulo, respondo o que sou e o que já fui!

Link do Autismo em Tradução para quem quiser saber mais sobre o assunto: https://autismoemtraducao.com/meltdown-shutdown-e-burnout/

Boa leitura!

- Mia Bitencourt

"Meltdown:

Os meltdowns, também conhecidos como colapsos ou crises nervosas, são uma perda temporária do controle emocional pelo indivíduo, podendo caracterizar-se por choros e movimentos repetitivos intensos, gritos, e algumas vezes até mesmo autoagressão, como morder o próprio braço, por exemplo. - O Autismo em Tradução."

Violeta, é cor, é flor. Violeta e seus tons trazem consigo a obscuridade, aquele lado secreto que ninguém pode saber que temos. Aquele lado que quando exposto, machuca. São os olhares ao redor, as reprovações. São flores modestas e hesitantes. Lindas, delicadas, mas que escondem em si algo que muitos não podem ver. O autismo, como as violetas, passa despercebido às vezes. Pode assustar.

Maria Marta falou para Amélie que iriam para a consulta com o neuropediatra, a preparou para aquela situação, porém, pouco depois que saíram de casa, Marta recebeu uma mensagem, precisariam cancelar a consulta, um paciente havia tido um grave problema e o médico precisava se ausentar.

- Brigel, mude a rota, a secretária me avisou que a consulta foi cancelada. - Deu de ombros. - Vamos para o shopping. - Avisou. Não queria perder a viagem.

Avisou José Alfredo que não precisava ir mais ao médico, ele decidiu retornar a empresa. A reunião com os novos acionistas poderia ser adiantada e quem sabe chegaria mais cedo em casa.

- Amélie, vamos ao shopping, ok?! - A filha não respondeu, estava distraída naquele dia. As ruas multicoloridas lhe pareciam mais legais que a voz da mãe. - Amélie! - A chamou mais uma vez. Nada. - Mavie! - Nem sinal.

Respirou fundo, odiava quando ela não atendia, não respondia! Marta estava estressada naquele dia e ficou ainda mais após ter a consulta desmarcada em cima da hora! Retornou sua atenção ao caminho.

Amélie, naquele dia em específico, estava estressada também. A mãe havia a acordado bem mais cedo, usava uma roupa que a apertava, e o vermelho do vestido da mãe era estressante aos seus olhos. Nem ao menos pegou sua boneca, seu brinquedo de conforto.

Marta pensou que ir até o shopping seria bom, aquele ambiente a fazia distrair-se. As roupas, os perfumes, os sapatos, amava aquilo. Amava os olhares que despertava, amava ser reconhecida como a grande Imperatriz, todos já tinham visto seu rosto estampado em alguma revista ao menos uma vez.

Brigel estacionou, Marta desceu do carro e foi pegar Amélie. Ao olhar em volta, Amélie estranhou, franziu o cenho. Ela não estava onde deveria estar, pensava que iria para o consultório médico e ali não parecia um hospital, nem uma clínica. A mãe lhe pegou pela mão e a fez caminhar até a entrada.

- Cadê o médico, mamãe? - Perguntou baixinho.

- Não vamos mais ao médico, vamos passear. - Sorriu para a filha.

"Não vamos mais ao médico" a rotina quebrou-se naquela frase. A respiração pesou, a ansiedade chegou fraquinha, ainda podia controlar. O coração deu uma leve acelerada. Não iriam mais ao médico. Ok. Tudo bem. Tudo bem.

- Olha, mamãe... - Marta olhou para filha.

- O que?! - A filha não apontava para às coisas, e em um ambiente cheio de objetos ficaria difícil adivinhar.

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