Carmesim

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Bonjour! ♥🦋

O vermelho e suas reviravoltas caóticas, uma cor que descreve bem Anne-Marie. Ela era uma das cores que faltava e trouxe com ela a reta final da história. Falta pouco, leitores!

Link do G1 que traz a entrevista completa:
https://www.google.com/amp/g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2016/04/todo-dia-aprendo-uma-licao-nova-diz-avo-de-crianca-autista-no-amapa.amp

Boa leitura!

- Mia Bitencourt

"Todo dia aprendo uma lição nova', diz avó de criança autista no Amapá

Todo dia aprendo uma lição com ele. Hoje, ele [Davi] faz fonoterapia, psicoterapia e terapia ocupacional e nós percebemos vários avanços. Se para os pais de uma criança neurotípica já precisam tomar vários cuidados, para uma família com uma criança com autismo a exigência é maior ainda. É uma dedicação quase que exclusiva, pois o que os terapeutas ensinam precisamos repetir em casa e lidar com toda a situação de estresse, ansiedade e agitação deles", explicou Edirene Fonseca, avó de Davi."

Carmesim, o vermelho dos Impérios. A cor que exala riqueza, foi usada por reis, nobres, guerreiros. Vermelho carmesim é o poder, é a segurança de ter o que quer, quando quer. É uma cor agressiva, aquela que nos faz rasgar a alma. Diferente do Rosé, o Carmesim não sabe ser suave, mas tenta.

Esse tom é confundido com o famoso Carmim. Não são o mesmo, somente há uma semelhança de escrita. Confundir carmim e carmesim é fácil aos olhos nus daqueles que não tem um certo feeling pra arte. Artistas sabem diferir um do outro. Não é difícil. Para José Alfredo, carmesim e carmim são o mesmo, é tudo vermelho. Para Marta, os dois tem suas particularidades e ela prefere o carmesim por lembrar das folhas avermelhadas que coloriam o outono em seus tempos de jovialidade.

Anne e Marta ficaram se olhando durante longos minutos, era surreal, inacreditável.

- Tudo bem, petit. - Lhe tocava os cabelos. - Vai ficar vermelha igual pimentão! - Riu. - Pare de chorar.

Ainda era estranho ver a mãe, estava anestesiada em seu próprio mundo. Sentou-se novamente naquele banco, Amélie estava preocupada com o choro da mulher.

- Mamãe. - Segurou o rosto dela. - Não chore!

- A mamãe tá bem, ma vie. - Sorriu. - Só assustada! É muita coisa para assimilar!

Amélie beijou a testa da mãe, lhe acariciava o rosto. Vê-la chorar era tão caótico quanto um balde de tinta vermelha. Aquela cor que aos poucos preenchia o olhar de Marta ainda era um problema, silencioso, mas era.

Anne olhava José Alfredo um tanto desconfiada. Tinha lido em algumas revistas sobre o tal homem de preto, sobre o Império que havia construído, faziam dez anos que estava na França, logo parou de acompanhar a trajetória da família. "Medeiros", em um primeiro momento não fez ligação com ele, mas agora aos poucos, com calma, ia recobrando a memória.

Ele mexia em seu bigode, não sabia se acalmava Marta que estava aos prantos, se distraia Amélie para não haver crise ou se cumprimentava a senhora que lhe olhava dos pés a cabeça. Ela parou-se ao lado dele, com os braços cruzados, fitando Marta.

- Chá de camomila faz bem pros nervos. - Falou séria.

- Água com açúcar também. - Murmurou.

- Marta odeia água com açúcar. - Comentou.

Ela tinha razão, Marta odiava água com açúcar. O homem nada falou, continuou observando tudo.

- A menina é carinhosa com ela. - Sorriu.

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