Cinza

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Bonjour! ♥🦋

Um capítulo mais "intimista" e que combina bem com a cor escolhida! Confesso que escrevi rapidinho pois não estou com a saúde no auge... Desculpem qualquer erro.

Como será que Marta e Zé lidarão com uma data tão especial para ambos? Ah, o cinza da vida!

Link do Jade Autism para quem quiser saber mais sobre o assunto:

https://jadeautism.com/seletividade-alimentar-e-autismo/

Boa leitura!

- Mia Bitencourt

"Alimentação para Autistas: Como driblar a seletividade alimentar?

Normalmente, quando em contato com novos gostos, cheiros e texturas, a criança autista tende a apresentar uma resposta comportamental negativa.

Há crianças autistas, por exemplo, que têm esse tipo de comportamento relacionado às cores dos alimentos. Ou seja, elas no momento da alimentação comem apenas alimentos amarelos, ou evitam alimentos da cor verde, por exemplo. Por isso que as crianças que possuem dificuldades no processamento sensorial tendem a selecionar alimentos que façam parte da sua zona de conforto. - Jade Autism."

Cinza, a cor da elegância. Dizem ser a mistura de preto e branco, o meio termo entre luz e sombra, entre pecado e salvação. Já foi conto erótico, famoso best-seller. Quantos tons de cinza existem?

Ela só usava branco e ele só usava preto e Amélie enxergava tudo em preto, branco e... Cinza. Ela era o cinza. Quando misturamos todas às cores, temos o cinza, não temos? É questão de perspectiva, do quão poético o pensamento pode ser, da forma como ressignificamos. Um aglomerado de cores que resulta uma outra. Se exagerar nos tons claros, vira branco. Se sobrecarregar os escuros, fica preto. Se for na medida certa, se houver o equilíbrio, é cinza.

José Alfredo pensava nela dia e noite, seja no trabalho, no carro, em sua cama ou no chuveiro. Pensava nela todos os dias, pensava de uma forma tão profunda que questionava-se se ainda era o mesmo cangaceiro arretado que ela tanto tirava sarro.

- Olha, papai! - Amélie veio em sua direção. - Olha o que achei! - Tinha uma aliança de prata em mãos.

Zé pegou a peça, reconheceu assim que bateu o olho, uma de suas alianças com a Imperatriz. A primeira delas, a mais simples, tinha a gravação um tanto falha "J.A. Medeiros 14/02/85". A aliança de prata com diamante, opaca, sem brilho, sem cor.

- Onde encontrou isso?! - Olhou sério para a filha.

- Perto da cristaleira, papai! Estava presa no pé do armário! - Comentou com às mãos na cintura.

José Alfredo fechou os olhos, era a aliança que Marta jogou nos pés dele quando foi embora. Era a aliança que ela mais gostava de usar mesmo sendo tão simples. Mesmo tendo no mínimo cinco pares de alianças de ouro com diferentes pedras preciosas. Mesmo prata não reluzindo como ouro branco. Mesmo que não brilhasse em sua mão tanto quanto o solitário que lhe deu quando a pediu em noivado. Mesmo..."A vida ficou em preto e branco depois que ela partiu." Ficou escura como a joia. Envelhecida. Esquecida. Desgastada.

- É de quem?! - Perguntou curiosa.

- Da sua mãe. - Forçou um sorriso.

- Ela vem me buscar hoje! Podemos entregar pra ela, né? - Zé assentiu.

- Dá um abraço no papai?! Só um! - Pediu.

Precisava sentir-se amado, queria esquecer aquela lembrança que o atormentava tanto, que o machucava mais do que qualquer outra coisa, principalmente hoje, um dia carregado de saudades. Saudades do quão felizes foram em outrora.

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