Bonjour! 🦋♥
Quando um sentimento volta à tona, precisamos parar e respirar. Marta retornou ao seu mundo branco, mas, como prometido, Zé trouxe suas cores. O começo é complicado, a adaptação é complicada. Nem tudo são lírios!
Desculpem a demora, tive uma semana complicada e a morte da nossa amada Marília me pegou de jeito!
Que Zé e Marta sejam como a Flor e o Beija-flor, que passem por isso juntos, pois ela é a flor mais linda do jardim dele e ele não quer mais voar para longe. Sim, Marta, o frio é apenas uma fase ruim.
Agora, aos poucos, às fotos começam a colorir! Nem tudo é preto e branco.
Link do Autismo Em Dia para quem quiser ler o relato completo:
https://www.autismoemdia.com.br/blog/autismo-na-familia-mae-fala-sobre-os-impactos-do-diagnostico-do-filho/Boa leitura!
- Mia Bitencourt
"Eu passei por momentos de luta, muitas vezes sozinha. Meu esposo, no começo, não aceitava a situação. Ele começou a beber muito. E quando ele chegava bêbado, ele chorava. Ele falava que a culpa era dele de o Abraão ser autista. Ele me pedia perdão porque, no momento da gravidez, eu passei por momentos difíceis. Era uma época em que a gente estava meio separado. Ele ficou se sentindo culpado. - Relato de Carine Brasil, mãe de Abraão, ao Autismo em Dia."
Quando pensamos em branco, pensamos em paz, tranquilidade, purificação. Branco é a luz, é o brilho que exala em todas às outras cores, é quando sentimos o coração desvencilhar-se da escuridão e nos permitimos viver, simplesmente viver.
A vida em branco é delicada, é leve. O choro que alivia a alma é branco, o desabafar é branco, o compreender é branco. É a cor favorita dela e combina tão bem com a cor favorita dele. Preto e branco se misturam, se equilibram, basta ter paciência e discernimento.
Para encontrar suas cores, Marta precisava se reencontrar em seu branco. Petrópolis era o seu branco, era o seu refúgio, a traria de volta. A deixaria respirar. A faria entender... Entender que nada na vida é o fim do mundo, mesmo que doesse como se fosse.
Quando os raios solares atravessaram às janelas e os pássaros assobiavam nas árvores, Marta acordou. Acordou ainda envolta pelos braços do ex-marido. Ela podia sentir o latejar de sua cabeça e com a mão na testa constatou que exagerou na noite anterior. Levantou um pouco e viu José Alfredo ainda de terno e gravata dormindo em uma posição nada favorável. Sorriu ainda com o olhar tomado de dor. Amava aquele homem, e quem sabe ele a amava também. Quem sabe.
- Zé. - Tocou no ombro dele. - Zé, se ajeita, vai ficar todo torto. - Estava tão cansado que não acordaria agora.
Marta levantou-se da cama, tirou um dos travesseiros e arrumou o homem no lugar. Devia ser horrível dormir com aquela roupa, mas não tinha muito a ser feito. Percebeu que estava com um terrível cheiro de bebida, desceu às escadas com cuidado. Olhou em volta, suas coisas espalhadas, Josué dormindo em uma das poltronas, pegou sua pequena mala e subiu novamente.
Chegou ao banheiro da suíte. Desabotoou sua blusa enquanto fitava-se diante do espelho. Olhou seu corpo apenas coberto pela lingerie que usava, cada marca, cada mancha, cada uma das pintas. O tempo não foi traiçoeiro, nem um pouco, sorriu, pelo menos não fisicamente. Adentrou o chuveiro, a água escorria em sua pele. Fechou os olhos e suspirou.
Repensou sobre tudo, cada detalhe do dia anterior, cruzou os braços, abaixou a cabeça. Ela aguentaria, ela aprenderia a lidar, se acostumaria. Tudo bem, Amélie precisava de rotinas, se adaptaria, não seria difícil, ela já era rígida antes, só precisava voltar ao ritmo. Não seria difícil, não é? Não precisava ser. Não faria ser.

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Colors
FanfictionQuando Amélie nasceu, José Alfredo e Maria Marta já não tinham o mesmo relacionamento de antes. Assinaram o divórcio quando a menina tinha apenas um ano de idade. Zé, sem Marta, teve sua vida completamente transformada, entretanto, Marta seguiu, sem...