-Ela não resistiu para vir, não acha estranho, Senhor?- um dos demônios questionou. A bruxa atrás de mim conferia se as cordas que prendiam meus pulsos á cadeira estavam firmes, algemas também prendiam meus pés no chão e tinha outro demônio me encarando, esse possuía o corpo de um jovem de cabelos loiros, óculos grandes demais pra sua face e corpo esguio. O outro já era um velho careca e pançudo com uma barba rala e pose de caminhoneiro. E eu tenho certeza que fora daquele cubículo no qual eu estava presa, haviam mais deles, dava para notar pelas vozes diversificadas e alteradas.
Minha boca estava seca, a minha visão meio turva e afetada por conta da má iluminação do lugar, os outros me deixaram sozinha e fecharam a porta de material forte e pesado, não havia janelas, eu não tinha escapatória, o jeito seria apostar na sorte e torcer por uma intervenção.
Bufei, as probabilidades não colaboravam comigo e eu tinha certeza que nenhum poder divino ia interferir porque os símbolos feitos com sangue para afastar todas as outras coisas impediam até os meus sentidos, o que tem nessas paredes, me esconde de todos e me deixa também presa no lugar. E convenhamos, os divinos me querem morta, de todo jeito.
Castiel não iria me ajudar agora também, não podia fazer nada por mim. E Deus? Acho que ele abriu mão de todos da terra e além dela.
Ou eu não era uma boa causa.
De qualquer forma, nunca precisei de nenhum deles.
Com um gosto amargo na boca, ergui a cabeça e ri. O que irritou muito os seres lá fora porque se agitaram, ouvi passos, estavam saindo do cômodo, e logo, a porta foi aberta e um só deles entrou. Esse não era como os outros, sua postura ereta, passos precisos, cabeça erguida, exalava superioridade. Era o chefe, talvez este servisse a Lilith, mas ainda assim ele era de importante escala.
-Considerando sua posição, não tem motivo para risadas.- me analisou seriamente. --Pode me contar a piada?- indagou, se sentando na cadeira á minha frente.
Ele não me intimidava, sentia o tamanho do seu poder mas meu ego era bem maior do que isso.
- Você.
Aí sim ele riu. Riu com escárnio e arrogância, aquilo não acabaria bem.
-Não vai me matar, Lilith precisa de mim.- minha constatação só o fez rir mais, agora a piada era eu.
-Ah querida, não trabalho com sua mãe.- a revelação me pegou de surpresa, merda, ele tinha a vantagem sobre meu desconhecimento.- Uh, não.- fez uma careta, parecendo imaginar a possibilidade.
-E acha que eu vou me entregar assim?- perguntei determinada, olhando em seus olhos.
-Você está acorrentada, não está?- me olhou de cima a baixo com curiosidade. Soltou um suspiro cansado.- Mas eu gostei de você, é corajosa e forte, mas será que é o suficiente?- rondava pela sala, falsamente pensativo.
-Toda essa conversa me irrita, chegue logo ao ponto.- apressei, impaciente.
-Não consegue ler meus pensamentos, sabe o porquê?- perguntou, despertando minha curiosidade, embora eu soubesse parte daquela resposta.
-Não trabalha para minha mãe, você é poderoso e tem demônios te servindo, acho que tenho noção.- pontuei.
-Acha que sabe de tudo, Alyssa Baker, mas e se eu te mostrar a verdade por trás da sua história?- seu olhar me fez fraquejar, a sala estava escura, mas com a pouca iluminação eu enxergava seu semblante misterioso e sombrio junto a barba bem feita e as rugas no canto dos olhos, suas características mostravam que não era um demônio inexperiente em um corpo qualquer. Ele tinha uma história que eu não sabia mas, ele sabia a minha.
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Supernatural_ The descendant
De TodoAlyssa Baker, a caçadora implacável que carrega um poder misterioso e extraordinário cruza o caminho dos dois irmãos cujo o trabalho agora era achá-la e mante-la sobre vigilância e em segurança, o que era difícil quando todos os monstros que a escur...